Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Alguns Poemas

Singularidades


Na mais profunda singularidade vazia e ténue, onde se esbatem os desejos mais enternecedores e acolhedores, brota uma paz duradoura e fulminante.
Na mais ínfima fracção de tempo, vigora o nada remanescente e eterno, complemento de tudo, elemento absorvente e aniquilador de todas as existências erráticas.
No fim do horizonte apaziguador e terno, ciente do seu minimalismo singular e arrebatador, está inerte o silêncio filantrópico milenar, onde toda a acção se esbate e definha no infinito, eterno e incomensurável, sem consciência da sua própria identidade.
Na mais ínfima fracção da noite, ousou um dia fazer-se luz, que logo se fez sombra e se tornou pesadelo irreversível, apenas solúvel na paz arrebatadora do vazio transcendental.
Alucinação intemporal e paranóica do vazio relativo, fez-nos um certo dia ganhar consciência num circo de marionetas onde a tristeza reina absolutamente.
Uma exaltação do Cosmos deu-nos a conhecer a nossa irrelevância mesquinha, como resposta à sua própria irreverência metafísica.
Um dia espalhados os nossos elementos pelo vazio do Universo, tal e qual poeira cósmica ao sabor dos ventos solares, vagueando sem destino, sem rumo, sem história, sem recordações, nem desejos, nem ambições, apenas sós, errantes, eternos, apaziguados, serenos e inatingíveis.
Voltarão a ser sábios inatos, preenchidos pela ausência de porquês, onde os dias serão sempre iguais, silenciosos e distantes num sono idílico, purificador e criogénico, onde o Ser intrínseco hiberna rumo ao Infinito e com Ele se extinguirá, para se tornar em nada por Fim.

Lx, 18-8-2003

O Homem e o Mundo




A complexidade da consciência à mercê da imaginação humana, do sonho ao pesadelo, fomenta toda a dialéctica metafísica inerente ao ser humano como pessoa una e indivisível.
O mundo é visto e sentido consoante as consciências dos biliões de Homens que dele fazem parte, cada um interpreta-o à sua maneira reproduzindo um quadro único e irrepetível do Universo.
Assim sendo, o Universo como entidade única é simples apesar do seu caminho para o infinito.
O Homem apesar da sua natureza finita, transcende e extrapola em todas as variações cognitivas possíveis de interacção com o Mundo, centralizando em si mesmo a razão de existência do próprio Cosmos.
Partindo do princípio de que o caminho para a resolução de problemas é geralmente o mais lógico e simples, questiono a excessiva verborreia existencialista que faz parte da vida do homem ao longo do seu trajecto efémero.
Em que acredita piamente que a luz que carrega é eterna, com a singularidade de tentar antropomorfizar a própria alma divina em quem confia.
Está assim também a própria essência do espírito a ser moldada tal e qual o Mundo à imagem de cada ser humano e a espalhar-se exponencialmente na retórica implícita das religiões.
O Homem existencialista livre de corpo, mente e espírito devia dominar toda a panóplia de entendimentos intrapessoais, e cada qual também à sua maneira, ou de forma pacífica e sóbria, ou tempestiva e pretensiosa.
O homem nasceu do acaso e não o acaso foi criado para que o Homem irrompesse. A causa efeito está nitidamente invertida. O Homem é filho do caos.
O Homem cria as leis, as penas a cumprir, define o Bem e o Mal, e é Ele próprio o juiz no dia do julgamento final.


Lx, 16-4-2006
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“ Poesia Eterna Parte I”
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A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

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