Paulo Jorge
A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.
1970-07-17 Lisboa
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Vales Encantados
Vales verdes tão férteis e húmidos,
Recebeis todas as lágrimas vertidas,
De todos os cumes dos Mundos,
Tão enriquecidos de terras ávidas.
São o Paraíso verde Terrestre,
De tempo ameno e odores frescos,
À custa do cume estéril campestre,
Tão agreste e pobre de ventos secos.
Piscinas de água cristalina azul clara,
Com relvados bem conservados e verdes,
Com gente de bem regateando e cara,
Tão egocêntrica de tantas ignobilidades.
Sugam o próximo lentamente até ao tutano,
Escravizam o semelhante até à exaustão,
Mas é nos cumes altos que durante o ano,
Ao Sol as neves eternas resistem à combustão.
Que asco as pessoas tão quotidianas e fúteis,
Tão despovoadas na sua desprezibilidade,
Que dor as pessoas tão puritanas e inúteis,
Tão hostis e carentes na sua sociabilidade.
Lx, 28-6-1995
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