Paulo Jorge
A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.
1970-07-17 Lisboa
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O Medo
Não tenhas medo pequeno,
é só o perfume das flores do campo,
Não temas,
São um jardim de cores apenas.
Não tenhas medo pequeno,
é só a chuva a cair lá fora,
Não temas,
São gotas de água apenas.
Não tenhas medo pequeno,
é só o céu estrelado,
Não temas,
São pirilampos celestiais apenas.
Não tenhas medo pequeno,
é só um choro abafado,
Não temas,
São fados ancestrais apenas.
Não tenhas medo pequeno,
é só uma andorinha a voar,
Não temas,
São suspiros de liberdade apenas.
Não tenhas medo pequeno,
é só uma cova aberta,
Não temas,
São saudades tuas apenas.
Lx, 9-5-2010
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