Sérgio Lemos

Sérgio Lemos

1971-01-19 Brasília
9864
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Alguns Poemas

Citação

CITAÇÃO

A tua poesia não é como escrevo;
há nela o enlevo de um verbo exposto,
a tua palavra me dá mais gosto
e sorvo do gosto dela na voz.
A poesia que tu és é suspensa
além do que se pensa beleza,
a poesia tua é correta e coesa
e tem uma certeza em tudo que crias,
- não é uma peça que shakespeare corrija
ou tinja Rembrandt de cores sombrias.
A tua poesia é mesmo matemática,
podendo ao relativo parecer causal,
e a química; toda inalterável mágica,
qual mistura fosse de concreta e irreal.
A poesia tua é essa voz que entoas
e dói, mais que doa, essa voz que mais ouço
e peço na prece bem junto a mim.
(Assim, parecido, soaria Sonata
a reger um coro de mil querubins.)
A poesia que tu és é o olhar que pelejo
e desejo na tela pôr no peito ou no ponto,
é a tão clara calma que em cada estrela conto
e no fim da noite, tonto, mando nos dedos um beijo.
A poesia que tu és possui longevidade,
resume a verdade se a busca é o belo.
Tua pele é bela, textura, poros e pêlos
- tê-los roçando é paz na insanidade.
A poesia tua está em toda boca
lançando, louca, nos lábios doce tirania,
onde a vida em mim principia
e a morte chega a parecer pouca.


A poesia tua está em todo gesto,
em cada contexto em teu movimento,
está presente se é prazer que testo
e não meço esforço em tornar mandamento.
(Meu mundo é o medo do que ele me guarda,
todavia, um segredo sem amor é nada-
assim, tua poesia velo, revejo e tento.)
A poesia tua é aurora e repleta
do que completa e aflora os sentidos,
a minha, é de ateu, que, anjo caído,
te espera de asas e janelas abertas.
A poesia tua é por si absoluta,
e de tal modo estranhamente vaga,
parece na métrica não haver conduta,
contudo, conduz, me aborda e embriaga
e inflama a luta entre chama e luz,
(sincera como a nudez do cristo na cruz,
e escura como a noite do anu jamais visto
-ou graúna - e cristo, nu, permanecera.)
A tua poesia é dezembro em primavera
confundindo se inverno é ou não benquisto.
A poesia que és é suficiente e se basta,
diria o poeta que ela nem mesmo se cabe,
é daquela paz que jamais fica ou se afasta,
a infinita quietude que a palavra não sabe.
A poesia que tu és convence-me de um deus,
da natureza divina que a tudo impele,
supondo-me imagem ou reflexo dele
és, de certo, além dos caprichos seus.


Sérgio Lemos
13.01.10

                                                        CITAÇÃO

 

A tua poesia não é como escrevo;

há nela o enlevo de um verbo exposto,

a tua palavra me dá mais gosto

e sorvo do gosto dela na voz.

A poesia que tu és é suspensa

além do que se pensa beleza,

a poesia tua é correta e coesa

e tem uma certeza de tudo que crias,

- não é uma peça que shakespeare corrija

ou tinja Rembrandt de cores sombrias.

A tua poesia é mesmo matemática,

podendo ao relativo parecer causal,

e a química; toda inalterável mágica,

qual mistura fosse de concreta e irreal.

A poesia tua é essa voz que entoas

e dói, mais que doa, essa voz que mais ouço

e peço na prece bem junto a mim.

(Assim, parecido, soaria Sonata

a reger um coro de mil querubins.)

A poesia que tu és é o olhar que pelejo

e desejo na tela pôr no peito ou no ponto,

é a tão clara calma que em cada estrela conto

e no fim da noite, tonto, mando nos dedos um beijo.

A poesia que tu és possui longevidade,

resume a verdade se a busca é o belo.

Tua pele é bela, textura, poros e pêlos

- tê-los roçando é paz na insanidade.

A poesia tua está em toda boca

lançando, louca, nos lábios doce tirania,

onde a vida em mim principia

e a morte chega a parecer pouca.

 

 

A poesia tua está em todo gesto,

em cada contexto em teu movimento,

está presente se é prazer que testo

e não meço esforço em tornar mandamento.

(Meu mundo é o medo do que ele me guarda,

todavia, um segredo sem amor é nada-

assim, tua poesia velo, revejo e tento.)

A poesia tua é aurora e repleta

do que completa e aflora os sentidos,

a minha, é de ateu, que, anjo caído,

te espera de asas e janelas abertas.

A poesia tua é por si absoluta,

e de tal modo estranhamente vaga,

parece na métrica não haver conduta,

contudo, conduz, me aborda e embriaga

e inflama a luta entre chama e luz,

(sincera como a nudez do cristo na cruz),

e escura como a noite do anu jamais visto

-ou graúna - e cristo, nu, permanecera.)

A tua poesia é dezembro em primavera

confundindo se inverno é ou não benquisto.

A poesia que és é suficiente e se basta,

diria o poeta que ela nem mesmo se cabe,

é daquela paz que jamais fica ou se afasta,

a infinita quietude que a palavra não sabe.

A poesia que tu és convence-me de um deus,

da natureza divina que a tudo impele,

supondo-me imagem ou reflexo dele

és, de certo, além dos caprichos seus.

 

 

Sérgio Lemos

13.01.10

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