Carlos Nejar
Luís Carlos Verzoni Nejar, mais conhecido como Carlos Nejar, é um poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia.
1939-01-11 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
19611
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Mora Judicial
Demorou o processo
no armário do século.
Nenhum juiz sentenciava
esta causa
de perdas civis.
Aos poucos
o fogo do feito
extinguiu-se:
os interesses
mudaram os fechos,
as trancas da porta.
Mudaram
de casa e de horta.
Uma ninhada de codornizes
se alojou no processo
entre boninas e raízes.
Na justiça
só a flor do tempo
vinga.
Não há migrações de pássaros,
apesar de serem terras arrendadas
ao céu, ao sol, à chuva.
E o homem
obtém do litígio
a derrubada de árvores.
Nunca
a derrubada do mal
— sua guerra púnica.
Publicado no livro O poço do calabouço (1977).
In: NEJAR, Carlos. A genealogia da palavra. Introd. Eduardo Portella. São Paulo: Iluminuras, 1989. p.145-14
no armário do século.
Nenhum juiz sentenciava
esta causa
de perdas civis.
Aos poucos
o fogo do feito
extinguiu-se:
os interesses
mudaram os fechos,
as trancas da porta.
Mudaram
de casa e de horta.
Uma ninhada de codornizes
se alojou no processo
entre boninas e raízes.
Na justiça
só a flor do tempo
vinga.
Não há migrações de pássaros,
apesar de serem terras arrendadas
ao céu, ao sol, à chuva.
E o homem
obtém do litígio
a derrubada de árvores.
Nunca
a derrubada do mal
— sua guerra púnica.
Publicado no livro O poço do calabouço (1977).
In: NEJAR, Carlos. A genealogia da palavra. Introd. Eduardo Portella. São Paulo: Iluminuras, 1989. p.145-14
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