Francisca Júlia
Francisca Júlia da Silva Munster foi uma poetisa brasileira. Colaborou no Correio Paulistano e no Diário Popular, que lhe abriu as portas para trabalhar em O Álbum, de Artur Azevedo, e A Semana, de Valentim Magalhães, no Rio de Janeiro.
1871-08-31 Xiririca [Eldorado], São Paulo, Brasil
1920-11-01 São Paulo
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Sonho Africano
A João Ribeiro
Ei-lo em sua choupana. A lâmpada, suspensa
Ao teto, oscila; a um canto, um velho e ervado fimbo;
Entrando, porta dentro, o sol forma-lhe um nimbo
Cor de cinábrio em torno à carapinha densa.
Estira-se no chão... Tanta fadiga e doença!
Espreguiça, boceja... O apagado cachimbo
Na boca, nessa meia escuridão de limbo,
Mole, semicerrando os dúbios olhos, pensa...
Pensa na pátria, além... As florestas gigantes
Se estendem sob o azul, onde, cheios de mágoa,
Vivem negros reptis e enormes elefantes...
Calma em tudo. Dardeja o sol raios tranquilos...
Desce um rio, a cantar... Coalham-se à tona d'água
Em compacto apertão, os velhos crocodilos...
Publicado no livro Mármores (1895).
In: JÚLIA, Francisca. Poesias. Introd. e notas Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 196
Ei-lo em sua choupana. A lâmpada, suspensa
Ao teto, oscila; a um canto, um velho e ervado fimbo;
Entrando, porta dentro, o sol forma-lhe um nimbo
Cor de cinábrio em torno à carapinha densa.
Estira-se no chão... Tanta fadiga e doença!
Espreguiça, boceja... O apagado cachimbo
Na boca, nessa meia escuridão de limbo,
Mole, semicerrando os dúbios olhos, pensa...
Pensa na pátria, além... As florestas gigantes
Se estendem sob o azul, onde, cheios de mágoa,
Vivem negros reptis e enormes elefantes...
Calma em tudo. Dardeja o sol raios tranquilos...
Desce um rio, a cantar... Coalham-se à tona d'água
Em compacto apertão, os velhos crocodilos...
Publicado no livro Mármores (1895).
In: JÚLIA, Francisca. Poesias. Introd. e notas Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 196
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