Fayola Caucaia

Fayola Caucaia

TransPOÉTICA que fala de amor, afeto e liberdade, a partir das minhas subjetividades.

1998-04-08 São Paulo
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Alguns Poemas

DÚVIDAS DE AMOR

As vezes é tantas dúvidas
O que é amar, a que ponto pode chegar?

As vezes tenho dúvida do que é amor
Será que eu sei amar

Sabia, pelo menos eu acho

Será que eu já gastei todo amor?

Aquela dúvida, quase desespero, de pensar
O que é amar?
Aquela lembrança de um velho amor, que amei
Será que gastei todas as fichas do que é amar?

Aquele amor, pulsante, tão intenso que nem precisa de pedido
ou casualidade
Aquele amor que é supeto, a palavra supero sempre aparece
Superar o que?

Aquela dúvida, que lateja, será que é amor?
Apesar de saber que é contexto, vontade, desejo e principalmente arte
Amor é ação
Será que estou em tempo de amar?

Ai que loucura, o que é amor?
Desses avassaladores, de supeto
Quase não supero
Aparece

Será que fica?

Tá! pedido feito. pedido aceito
A impulsividade do momento, sua fofura
O que eu faço nessa encruzilhada?
Não espere que minha carência não me conduza

Até demais

Será? Será que isso é certo? Será que quero continuar a agir assim?
Impulsividade
A carta do louco apareceu pra mim
Ele vai pular do penhasco, e tem certeza da ambivalência de seu ato

Eu não… sei
Será? Será que é loucura. Sei que é risco.
Do que? Pra quem? Por quem? Pra quem? 
O que eu tô fazendo nessa encruzilhada?
Acho que a pressa é inimiga da perfeição, como eu sou perfeccionista
Será? Falei muito nas entrevista, de praxe
O que é ser perfeito?
Por que a dúvida não pode ser movimento?
Acho que a incerteza faz parte da razão, como eu sou racional
Será? Já falei muito pra minha mãe, de praxe

A dúvida da vontade, quero e ao mesmo tempo não quero
Não vou me sentir pressionada
Eu posso cometer erros? Erro
Talvez se não é certeza, a dúvida é sinal de caminho equivocado
Impulso sem ser avassalador, vira o que?

Qual foi dessa dependência emocional, esses são os sinais que eu vejo
Uma semana e já tá namorando
Duas semanas e já quer casar
Eu não escolho a prisão, prefiro a liberdade, com gosto de solitude
Mas só de saber que no final, minhas escolhas é pra mim, já basta
Já basta de mal escolhas

No tarot saiu o louco, seis de espadas, o enforcado
O que significa tudo isso?
A leitura diz, talvez alguns ciclos possa a estar se repetindo, você decide seu caminho
Mudar ou não mudar, ir ou ficar, transmutar ou ficar no conforto… nada confortável
Perguntei sobre ele e toda essa encruzilhada
Me veio o óbvio, eu sou dona da minha jornada
Cinco de ouros, o oito de espadas, o nove de paus
A insegurança está em mim, e nesse texto
Acho que não é medo, eu tô querendo paz, não aperto de mente
Acho que a paz tem que reinar, ciclos devem acabar, começar, recomeçar’
A força, a roda da fortuna
Minha escolha na pergunta, deve ser estratégica
A pergunta feita me fez refletir sobre meu lugar
Dizer não, também é caminhada, faz parte da jogada
Decidi parar e dizer o que sinto
Disse, nisso a epifania do caminho a ser seguido
Ali, aqui, com ele, sem ele, comigo, apenas comigo é a certeza
A incerteza do amor, talvez seja de um coração desiludido

Reflito

Eu não quero me sentir pressionada a tal
Eu não quero me sentir na obrigação de nada por agora
Eu penso em leveza, e não desconfiança
Sim, eu confio no meu taco
Talvez o que venha seja um fato
Será que eu tô pronta pra amar?
Será que eu sinto o mesmo?
Dizer eu te amo… Senti vontade, mas não sei o que significa agora
Eu tenho o direito de errar

O que eu faço nessa encruzilhada?
A vontade é de recomeço, com calma
A vontade é de andança, nessa jornada

EU NÃO SOU UMA MULHER?

Eu não sou uma mulher? 
Luedji fala da solidão da mulher cis preta, vou falar da trans 
Eu não sou uma mulher? 
Quer me comer as escondidas e me desvaloriza em público 
Essa lógica louca de desumanização 
Eu não sou humano? 
Passível de afeto? 
 
Sua desumanização é justificada pela bíblia 
Sua desumanização é justificada pela patologia  
Tudo droga pra você não pensar  
Se questionar 
 
É tudo tão doentio, e ninguém questiona  
É como a lógica do SUS 
Ninguém quer questionar a doença 
Mas camufla os sintomas, se entupindo de drogas 
 
Por que é difícil reconhecer minha identidade 
Não use a desculpa da ignorância 
Ela é o remédio que cê tá usando pra camuflar a doença 
A doença que é sua, só sua  
 
Eu estou cansada de me drogar, 
Pra poder superar toda essa doença 
Toda deslegitimação 
Todo esse olhar torto 
Eu não sou uma mulher? 
 
Me chupa caralho, meu pau é de mulher 
Eu não vou abrir concessões 
Meu prazer em primeiro lugar 
Eu não sou uma mulher? 
 
Tá tudo tão contaminado, a lógica hegemônica reina 
Quem não é, mas reproduz 
Essa lógica doentia, que camufla mais uma vez 
Olha a contradição 
Sou respeitada pelo europeu  
O primitivismo tá aqui, impregnado 
Não use a desculpa da ignorância  
Não tô pedindo aceitação 
Quero respeito  
 
Olha a contradição, o europeu me trata que nem princesa 
Olha a contradição, o brasileiro me trata como um objeto pra gozar 
 
Eu não sou uma mulher? 
 
Eu venho me drogando, me drogando pra camuflar 
Tá tudo impregnado 
É maconha, maconha, é droga sim 
Depois uma explosão pra recomeçar  
Um doce e uma balinha  
A branquinha não entra mais aqui, não vou mais cheirar 
APLICA, vai! 
Quero revirar meus olhos, encontrar um lugar melhor 
 
Eu não sou uma mulher? 
Não me sinto pertencente em nenhum lugar 
O que eu nasci, o que eu passei, o que estou 
Me deixam doente, como se eu não fosse de lá 
Eu não sou uma mulher? 
 
Mais uma dose de endorfina, 
Porra, bota essa anfitamina 
Preciso ficar esperta pra continuar 
 
Eu tô com medo de morrer  
Cansei dessa exclusão 
Me excluem de várias formas 
Negando minha presença 
Não me dão bom dia, bom dia! 
Me chama no masculino, mesmo com metade do meu rosto tampado 
E um vestido lindo, que eu tenho aqui 
 
Por que? Por que?  
Por que é tão difícil entender?  
Por que cêis não se questionam? 
Eu não sou uma mulher? 
 
Eu não vou abrir concessões 
Já lidei que preciso grita 
As vezes tremo  
Me questiono, por que eu tô gritando 
Ninguém tá me escutando 
Eu preciso falar  
 
Não use a desculpa dá ignorância  
Eu não sou uma mulher?
Nelson
Oi
09/setembro/2020

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