Fayola Caucaia
TransPOÉTICA que fala de amor, afeto e liberdade, a partir das minhas subjetividades.
1998-04-08 São Paulo
20261
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EU NÃO SOU UMA MULHER?
Eu não sou uma mulher?
Luedji fala da solidão da mulher cis preta, vou falar da trans
Eu não sou uma mulher?
Quer me comer as escondidas e me desvaloriza em público
Essa lógica louca de desumanização
Eu não sou humano?
Passível de afeto?
Sua desumanização é justificada pela bíblia
Sua desumanização é justificada pela patologia
Tudo droga pra você não pensar
Se questionar
É tudo tão doentio, e ninguém questiona
É como a lógica do SUS
Ninguém quer questionar a doença
Mas camufla os sintomas, se entupindo de drogas
Por que é difícil reconhecer minha identidade
Não use a desculpa da ignorância
Ela é o remédio que cê tá usando pra camuflar a doença
A doença que é sua, só sua
Eu estou cansada de me drogar,
Pra poder superar toda essa doença
Toda deslegitimação
Todo esse olhar torto
Eu não sou uma mulher?
Me chupa caralho, meu pau é de mulher
Eu não vou abrir concessões
Meu prazer em primeiro lugar
Eu não sou uma mulher?
Tá tudo tão contaminado, a lógica hegemônica reina
Quem não é, mas reproduz
Essa lógica doentia, que camufla mais uma vez
Olha a contradição
Sou respeitada pelo europeu
O primitivismo tá aqui, impregnado
Não use a desculpa da ignorância
Não tô pedindo aceitação
Quero respeito
Olha a contradição, o europeu me trata que nem princesa
Olha a contradição, o brasileiro me trata como um objeto pra gozar
Eu não sou uma mulher?
Eu venho me drogando, me drogando pra camuflar
Tá tudo impregnado
É maconha, maconha, é droga sim
Depois uma explosão pra recomeçar
Um doce e uma balinha
A branquinha não entra mais aqui, não vou mais cheirar
APLICA, vai!
Quero revirar meus olhos, encontrar um lugar melhor
Eu não sou uma mulher?
Não me sinto pertencente em nenhum lugar
O que eu nasci, o que eu passei, o que estou
Me deixam doente, como se eu não fosse de lá
Eu não sou uma mulher?
Mais uma dose de endorfina,
Porra, bota essa anfitamina
Preciso ficar esperta pra continuar
Eu tô com medo de morrer
Cansei dessa exclusão
Me excluem de várias formas
Negando minha presença
Não me dão bom dia, bom dia!
Me chama no masculino, mesmo com metade do meu rosto tampado
E um vestido lindo, que eu tenho aqui
Por que? Por que?
Por que é tão difícil entender?
Por que cêis não se questionam?
Eu não sou uma mulher?
Eu não vou abrir concessões
Já lidei que preciso grita
As vezes tremo
Me questiono, por que eu tô gritando
Ninguém tá me escutando
Eu preciso falar
Não use a desculpa dá ignorância
Eu não sou uma mulher?
Luedji fala da solidão da mulher cis preta, vou falar da trans
Eu não sou uma mulher?
Quer me comer as escondidas e me desvaloriza em público
Essa lógica louca de desumanização
Eu não sou humano?
Passível de afeto?
Sua desumanização é justificada pela bíblia
Sua desumanização é justificada pela patologia
Tudo droga pra você não pensar
Se questionar
É tudo tão doentio, e ninguém questiona
É como a lógica do SUS
Ninguém quer questionar a doença
Mas camufla os sintomas, se entupindo de drogas
Por que é difícil reconhecer minha identidade
Não use a desculpa da ignorância
Ela é o remédio que cê tá usando pra camuflar a doença
A doença que é sua, só sua
Eu estou cansada de me drogar,
Pra poder superar toda essa doença
Toda deslegitimação
Todo esse olhar torto
Eu não sou uma mulher?
Me chupa caralho, meu pau é de mulher
Eu não vou abrir concessões
Meu prazer em primeiro lugar
Eu não sou uma mulher?
Tá tudo tão contaminado, a lógica hegemônica reina
Quem não é, mas reproduz
Essa lógica doentia, que camufla mais uma vez
Olha a contradição
Sou respeitada pelo europeu
O primitivismo tá aqui, impregnado
Não use a desculpa da ignorância
Não tô pedindo aceitação
Quero respeito
Olha a contradição, o europeu me trata que nem princesa
Olha a contradição, o brasileiro me trata como um objeto pra gozar
Eu não sou uma mulher?
Eu venho me drogando, me drogando pra camuflar
Tá tudo impregnado
É maconha, maconha, é droga sim
Depois uma explosão pra recomeçar
Um doce e uma balinha
A branquinha não entra mais aqui, não vou mais cheirar
APLICA, vai!
Quero revirar meus olhos, encontrar um lugar melhor
Eu não sou uma mulher?
Não me sinto pertencente em nenhum lugar
O que eu nasci, o que eu passei, o que estou
Me deixam doente, como se eu não fosse de lá
Eu não sou uma mulher?
Mais uma dose de endorfina,
Porra, bota essa anfitamina
Preciso ficar esperta pra continuar
Eu tô com medo de morrer
Cansei dessa exclusão
Me excluem de várias formas
Negando minha presença
Não me dão bom dia, bom dia!
Me chama no masculino, mesmo com metade do meu rosto tampado
E um vestido lindo, que eu tenho aqui
Por que? Por que?
Por que é tão difícil entender?
Por que cêis não se questionam?
Eu não sou uma mulher?
Eu não vou abrir concessões
Já lidei que preciso grita
As vezes tremo
Me questiono, por que eu tô gritando
Ninguém tá me escutando
Eu preciso falar
Não use a desculpa dá ignorância
Eu não sou uma mulher?
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