Charles Bukowski

Charles Bukowski

poeta, contista e romancista estadunidense

1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
201313
9
27


Alguns Poemas

A Geração Falida

era muito mais fácil ser gênio nos anos 20, havia
apenas três ou quatro revistas literárias e se você publicasse nelas
umas quatro ou cinco vezes podia terminar no salão de Gertie,
você podia provavelmente encontrar Picasso para um copo de vinho, ou
talvez apenas Miró.

e sim, se você mandasse sua papelada com carimbo postal de Paris
as chances de publicação eram muito maiores.
muitos escritores encerravam seus manuscritos com a palavra "Paris" e a data.

tendo um patrono, havia tempo para
escrever, comer, beber e dar uns passeios pela Itália e até pela
Grécia
era bom ser fotografado com outros do seu time

era bom parecer asseado, enigmático e magro.
foto na praia era ótimo.

e sim, você podia escrever cartas para os 15 ou 20
outros
resmungando sobre uma coisa ou outra.

você podia receber uma carta de Ezra ou de Hem, Ezra gostava
de dar orientações e Hem gostava de praticar a escrita
nas cartas, quando não podia praticar a outra.

era um grande jogo romântico então, cheio da fúria
da descoberta.

agora

agora somos tantos, são centenas de revistas literárias,
centenas de editoras, milhares de títulos.

quem vai sobreviver desse monturo?
perguntar é quase uma grossura.

volto atrás, leio livros sobre as vidas dos meninos
e meninas lá dos 20.
se eles foram a Geração Perdida, como você chamaria a gente?
vendo a gente sentada aqui no meio das ogivas
com nossas máquinas de escrever elétricas?

a Geração Falida?

eu preferia estar na Perdida a estar na Falida, mas quando leio livros sobre
eles
sinto delicadeza e generosidade

e quando leio sobre o suicídio de Harry Crosby em seu quarto de hotel
com sua prostituta
a coisa me parece tão real como a torneira que está pingando agora
na pia do meu banheiro.

gosto de ler sobre eles: Joyce cego e zanzando
pelas livrarias como uma tarântula, como diziam.
Dos Passos com seus recortes de notícias usando uma
máquina de escrever com fita vermelha.

D.H. tarado e de porre, H.D. sabida o bastante para usar
suas iniciais que pareciam muito mais literárias do que Hilda Doolittle.

G. B. Shaw, firmado há muito tempo, nobre e
estúpido como a realeza, carne e cérebro virando mármore. um saco.

Huxley passeando seu cérebro com grande alegria, discutindo com Lawrence que a coisa não era na barriga nem nos colhões,
que a glória estava era no crânio.

e aquele matuto do Sinclair Lewis despontando.

enquanto isso,
com a revolução terminada, os russos estavam libertos e morrendo.
Gorki, sem ter nada por que lutar, sentado numa sala, tentando
achar frases para elogiar o governo.
muitos outros falidos na vitória,

agora

agora há tantos de nós
mas devíamos estar agradecidos, porque em cem anos
se o mundo não estiver destruído, pense bem, quanto ficará de tudo isso:
ninguém realmente capaz de falhar ou de vencer - só algum mérito relativo, ainda mais diminuído pela nossa superioridade numérica.
estaremos todos catalogados e arquivados.
está certo...

se você ainda tem dúvidas sobre aqueles outros
anos dourados
veja que há outras criaturas curiosas: Richard
Aldington, Teddy Dreiser, F. Scott, Hart Crane, Wyndham Lewis, a
Black Sun Press.

mas para mim, os anos 20 estavam centrados principalmente em Hemingway
saindo da guerra e começando a datilografar.

era tudo tão simples, tão deliciosamente calmo

agora

há tantos de nós.

Ernie, você não imaginava como era bom
quatro décadas atrás quando vocês metiam o cérebro no
suco de laranja

embora

-posso garantir
não fosse isto o melhor de vocês.

Porq Tud Se Sgota

abatido do lado de fora do Seaside Motel e fico olha
ndo a lagosta viva na peixaria do píer de Redondo
Beach a ruiva partiu para torturar outros machos
está chovendo de novo está chovendo de novo e de novo às vez
es penso em Bogart e não gosto mais de Bogart hoj
e em dia porq tud se sgota – quando entra um dinheirin
ho na sua conta você pode rabiscar qualquer coisa na p
ágina chamar de Arte e passar a perna abatido num
mercado de peixes as lagostas que você vê elas são apanhadas com
o nós somos apanhados. pense em Gertie S. sentada lá
contando aos rapazes como aprimorar. ela era um tran
satlântico eu prefiro trens puxando vagões cheios de arma
s roupa íntima pretzels fotos de Mao Tsé-Tung haltere
s porq tud se sgota – (escrever mãe) quando você florar
minha pedra note a mosca na sua manga e pense
num violino pendurado numa casa de penhores. em muitas casas de penhores fiq
uei eu abatido na melhor em L.A. eles puxam
uma pequena cortina em volta daquele que quer penhorar e d
aquele que poderia pagar algo. é uma Arte casas de penhores s
ão necessárias como F. Scott Fitz era necessário o que nos
faz hesitar neste momento: eu gosto de olhar lagostas viva
s elas são fogo embaixo d’água hemorroidas – grossa outr
a mágica – colhões!: elas são lagostas mas gosto de o
lhá-las quando eu se eu ficar rico vou comprar um
grande tanque de vidro digamos três metros por um e v
ou sentar e olhá-las por horas enquanto bebo meu
mosele branco que estou bebendo agora e quando as pessoas apar
ecerem vou escorraçá-las como faço agora. quero dizer,
alguns dizem que mudança quer dizer crescimento bem certos at
os permanentes também previnem decadência como passar fio dental fode
r esgrimir engordar arrotar e sangrar sob uma lâmp
ada General Electric de cem watts. romances são legais c
amundongos são irrequietos e meu advogado me diz que Abraham L
incoln fez uma merda que nunca entrou nos livr
os de história – o muro é o mesmo por onde quer que se olhe.
nunca peça desculpa. entenda o pesar do erro. m
as nunca. não peça desculpa para ovo serpente ou am
ante. abatido num táxi verde perto de Santa Cru
z com um AE-I no meu colo trambicado na mão d
o punguista pendurado como um presunto. por acaso foi Ginsberg que
dançou no poste em maio na Iugoslávia para celebrar o Dia de M
aio se me pegarem fazendo isso podem arrancar meus dois
bolsos de trás. sabe eu nunca escutei minha mãe mijar
. escutei muitas mulheres mijando mas agora que penso
nisso não consigo lembrar de jamais ter escutado minha mãe mijar.
não sou grande fã de planetas não que me desagrad
em quero dizer tipo cascas de amendoim num cinzeiro isso são
planetas. às vezes a cada 3 ou 4 anos você vê um ro
sto geralmente não é um rosto de criança mas esse r
osto rende um dia espantoso muito embora a luz
esteja de certo modo ou você estava dirigindo um a
utomóvel ou você estava caminhando e o rosto estava passa
ndo num ônibus ou num carro isso faz daquele dia do
momento como que um sacolejo cerebral algo pra lhe dizer é
sempre solitário você estar abatido enquanto tira um
chiclete da embalagem na frente do salão de bilhar
mais antigo de Hollywood no lado oeste da Western embaix
o do bulevar. o bruto é líquido e o líquido é b
ruto e Gertie S. nunca mostrou seu joelho aos ra
pazes e Van Gogh era uma lagosta um amendoim torrado. eu
acho que “guinada” é uma palavra esplêndida e ainda está
chovendo abatido em sacos d’água com água para focinho
s de porco astutamente como cigarros para homens e para
mulheres eu me importo o bastante para proclamar liberdade em toda
a terra depois me pergunto por que freiras são freiras açougueiros iss
o e homens gordos me remetem a coisas gloriosas respirand
o pó por seus pigarros. se eu abatesse Bogar
t ele cuspiria seu cigarro agarraria seu flanco esquerdo na
camisa de listras pretas e brancas me olharia com
olho de nata e cairia. se significado é o que fazemos n
ós fazemos bastante se significado não é o que fazemos marque o qu
adrado #9 provavelmente cai bem a meio caminho o que mant
ém equilíbrio e a pobreza dos pobres e hidrantes
visco grandes cães em grandes gramados atrás de cercas
de ferro. Gertie S., claro, se interessava mais
pela palavra do que pelo sentimento e isso é claramente just
o porque homens de sentimento (ou mulheres) (ou) (veja)
(que legal) (eu sou) geralmente se tornam criaturas de Açã
o que fracassam (em certo sentido) e são registrados pelas pess
oas de palavras cujas obras geralmente fracassam não importa. (
que legal). rola e rola e rola continua chovendo
abatido num mercado de peixes por um italiano com mau
hálito que não fazia ideia de que eu alimentava meu gato duas vezes por dia e
nunca me masturbava quando ele estava no mesmo aposento. Agor
a você sabe neste ano de 1978 paguei $8441,32 para
o governo e $2419,84 para o estado da Califór
nia porque sento perante esta máquina de escrever geralmente b
êbado depois das corridas de cavalo e não uso sequer uma gr
ande editora comercial e já vivi à base de
uma barra de chocolate vagabundo por dia máquina de escrever penhorada imp
rimindo meu material à caneta e o material voltava. quero dizer,
camarada cão, os homens às vezes viram filmes. e às v
ezes acontece que os filmes não são tão bons. reze por
mim. não peço desculpa. astúcia não é a saída
persistência ajuda se você conseguir acertar o ferrão externo
às 5:32 crepúsculo – bum! os irmãos Waner costumavam
bater dois três para os Pirates agora somente 182 pessoas e
m Pittsburgh se lembram deles e isso é exatamente correto
. o que me desagradava naquela turma de Paris era qu
e eles exageravam demais o valor da escrita mas ninguém pode dizer
que não fizeram o maior esforço possível qu
ando todas as cabeças e olhos pareciam estar voltados para outro
lugar é por isso que apesar de todo o romantismo ass
ociado eu embarco não pela propaganda mas pel
as razões mais tolas da sorte e do caminho. minhas lagostas
cavalos e lagostas e o mosele branco e há uma
boa mulher perto de mim depois de todas as ruins ou ap
arentemente ruins. Rachmaninoff está tocando agora no rádio e
termino minha segunda garrafa de mosele. que adorável
caçador emotivo ele era meu gato preto gigante estirado
no tapete o aluguel está pago a chuva paro
u há um fedor nos meus dedos minhas costas doem abat
ido eu caio rolo aquelas lagostas examiná-las ex
iste um segredo ali elas contêm pirâmides derrubá-las tod
as as mulheres do passado todas as avenidas maçanetas bot
ões caindo da camiseta nunca escutei minha mãe mij
ar e nunca conheci seu pai acho que teríam
os bebido que chega, corretamente.

Não Posso Ficar No Mesmo Quarto Com Essa Mulher Por Cinco Minutos

dias atrás fui
pegar minha filha.
a mãe dela apareceu com um macacão
de trabalho.
alcancei a ela o dinheiro da pensão
e ela me deitou um maço de poemas de um
Manfred Anderson.
eu os li
ele é ótimo, ela disse.
ele despacha esta merda? perguntei.
ah, não, ela disse, Manfred não faria isso.
por quê?
bem, não sei ao certo a razão.
escute, eu disse, você conhece todos os poetas que
não despacham suas merdas.
as revistas não estão prontas para eles, ela disse,
eles estão muito à frente das publicações.
ah, pelo amor de deus, eu disse, você realmente
acredita nisso?
sim, sim, acredito nisso, ela
respondeu.
veja, eu disse, você não foi capaz nem de deixar a menina
pronta. ela está descalça. será que não pode
calçar os sapatos nela?
sua filha tem 8 anos, ela disse,
já pode calçar os próprios sapatos.
escute, eu disse a minha filha, você pode pelo amor
de deus calçar os sapatos?
Manfred nunca grita, disse a mãe.
PELO AMOR DE DEUS! gritei
está vendo, está vendo? ela disse, você não mudou nada.
que horas são? perguntei.
4:30. uma vez Manfred enviou alguns poemas, ela disse,
mas eles mandaram de volta e ele ficou terrivelmente
chateado.
você já calçou os sapatos, eu disse a minha filha,
vamos.
a mãe dela nos acompanhou até a porta.
tenham um bom dia, ela disse.
foda-se, eu disse.
quando ela fechou a porta havia uma plaqueta presa no
lado de fora. dizia:
SORRIA.
não sorri.
em nosso caminho seguimos pela Pico.
parei em frente ao Red Ox.
já volto, eu disse a minha filha.
entrei, me sentei, e pedi um uísque e
uma água. no outro lado do bar havia um nanico entrando e
saindo de uma porta segurando um pênis curvo e bastante vermelho
na mão.
você não pode
não pode mandar ele parar? perguntei ao atendente.
você não pode fechar essa porra?
qual é o seu problema, meu chapa? ele perguntou.
eu envio meus poemas para as revistas, eu disse.
você envia seus poemas para as revistas? ele perguntou.
pode ter certeza de que mando, eu disse.
terminei minha bebida e voltei para o carro.
segui por Pico Boulevard.
o resto do dia estava condenado a ser melhor.
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