Manuel Alegre

Manuel Alegre

Manuel Alegre de Melo Duarte é um escritor e político português.

1936-05-12 Águeda
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Prémios e Movimentos

Camões 2017APE 1998

Alguns Poemas

Debaixo das Oliveiras

Este foi o mês em que cantei
dentro de minha casa
debaixo
das oliveiras.

O mês em que a brisa me pôs nas mãos
uma harpa de folhas
e a terra me emprestou
sua flauta e sua lua.
Maré viva. Meu sangue atravessado
por um cometa visível a olho nu
tangido por satélites e aves de arribação
navegado por peixes desconhecidos.

Este foi o mês em que cantei
como quem morre e ressuscita
no terceiro dia
de cada sílaba.

O mês em que subi a uma colina
dentro de minha casa
olhei a terra e o mar
depois cantei
como quem faz com duas pedras
o primeiro lume. Palavras
e pedras. Palavras e lume
de uma vida.

Este foi o mês em que fui a um lugar santo
dentro de minha casa.
O mês em que saí dos campos
e me banhei no rio como quem se baptiza
e cantei debaixo das oliveiras
as mãos cheias de terra. Palavras
e terra
de uma vida.

Este foi o mês em que cantei
como quem espelha ao vento suas cinzas
e cresce de seu próprio adubo
carregado de folhas. Palavras
e folhas
de uma vida.

O mês em que a mulher
tocou meus ombros com sua graça
e me deu a beber
a água pura do seu poço.
Este foi o mês em que o filho
derramou dentro de mim
o orvalho e o sol
de sua manhã.

O mês em que cantei
como quem de si se perde e reencontra
nas coisas novamente nomeadas.

Este foi o mês em que atravessei montanhas
e cheguei a um lugar onde as palavras
escorriam leite e mel.
MILAGRE MILAGRE gritaram dentro de mim
as aves todas da floresta.

Então reparei que era o lugar do poema
o lugar santo onde cantei
entre mulher e o filho
como quem dá graças.

Este foi o mês em que cantei
dentro de minha casa
debaixo
das oliveiras.

Poeta e político português, natural de Águeda. Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde fundou o CITAC (Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra) e participou no TEUC (Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra). Em 1962, alvo de mobilização pelo exército português, foi enviado para Angola. Aí, dirigiu uma tentativa de revolta militar contra a guerra colonial, pelo que foi preso pela PIDE e encarcerado em Luanda. Regressou a Portugal em 1964, sendo-lhe fixada residência em Coimbra e proibida a actividade política, que prosseguiu na clandestinidade e dentro do movimento estudantil. Partiu para o exílio em Paris e, em seguida, dirigiu em Argel a FPLN e a Rádio Voz da Liberdade. Regressou a Portugal após a revolução de 25 de Abril de 1974, época a partir da qual se envolveu na actividade política partidária, aderindo ao Partido Socialista. Eleito deputado em todas as eleições legislativas, é vice-presidente da Assembleia da República. Ocupou ainda os cargos de secretário de estado adjunto do primeiro-ministro, secretário de Estado da Comunicação Social e presidente da Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, entre outros. Foi ainda director dos Serviços Criativos e Culturais da RDP e fundador dos Centros Populares 25 de Abril. No campo literário, colaborou na revista Vértice (Coimbra, 1963-1965). Na sua poesia estão presentes esforços de contestação e luta, as memórias do exílio e a temática da guerra colonial. A sua obra poética engloba Praça da Canção (1965, a sua primeira obra), O Canto e as Armas (1967), Rua de Baixo (1990), Com que Pena — Vinte Poemas Para Camões (1992), Sonetos do Obscuro Quê (1993), Coimbra Nunca Vista (1995), Trinta Anos de Poesia (1995), Senhora das Tempestades (1998, Prémio da Crítica, atribuído pelo Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários e Grande Prémio de Poesia APE-CTT) e Obra Poética (1999, colectânea de poesia). As suas obras de ficção e memórias são Jornada de África (1989), O Homem do País Azul (1989), Alma (1995) e A Terceira Rosa (1998). Em 1997, foi ainda editado Contra a Corrente. Discursos e Textos Políticos. O seu primeiro livro para crianças, intitulado As Naus de Verde Pinho (1997), foi distinguido com o Prémio António Botto 97 de Literatura Infantil. Muitos dos poemas de Manuel Alegre foram musicados e cantados por figuras da música portuguesa, com destaque para Trova do Vento que Passa, que se tornou um hino da resistência anti-fascista. Em 1999, o escritor foi distinguido, em Veneza, com a medalha da cidade italiana. A homenagem coincidiu com o lançamento, em Itália, de L'Uomo del Paese Azzuro ( O Homem do País Azul). Ainda em 1999 recebeu o Prémio Pessoa 99, o maior prémio nacional destinado à área da ciência e da cultura e o Prémio Fernando Namora pela obra A Terceira Rosa. Manuel Alegre foi condecorado por Mário Soares com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, com a comenda da Ordem de Isabel a Católica e foi o primeiro a receber o Diploma de Membro Honorário do Conselho da Europa. Em Junho de 2000, Manuel Alegre abandonou Partido Socialista. Em Fevereiro de 2001, Alegre lançou o Livro do Português Errante, uma obra que manifesta o inconformismo e a luta por ideais que dignifiquem o ser
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Salvador
Amigo de infância,um abraço te mando do teu grande amigo Salvador. Ainda me lembro das festa que davas ate as 5 da manha. Abraço
15/novembro/2022
The beard
Só queria também escrever poemas com este senhor, é um ídolo!
28/maio/2021
André Bôto
Sou fã e acompanho o trabalho. Um forte abraço!
28/maio/2021
Balbino
Um senhor estegrande Homem!
28/maio/2021
raiane silva cruz
lindo poema
08/maio/2020
Ana Luísa
Amigo meu de infância, bons tempos passados juntos. O teu amor de infância
12/março/2020
Pedro Albricoque
Este senhor era meu vizinho . Muito mal criado, festas até longas horas e tinha 5 mulheres ao mesmo tempo . Invejo .
12/março/2020
Julia Pinheiro
é mentira
09/fevereiro/2023

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