Charles Bukowski

Charles Bukowski

poeta, contista e romancista estadunidense

1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Alguns Poemas

Um Cavalo de 340 Dólares E Uma Puta de Cem

jamais tenha para si que sou um poeta; você pode me ver
semibêbado nas corridas todos os dias
apostando em todos os tipos de cavalos,
mas deixe eu dizer uma coisa a você, há algumas mulheres lá
que vão aonde o dinheiro está, e às vezes quando você
olha para essas putas essas putas de cem dólares
você por vezes se pergunta se a natureza não está de brincadeira
esbanjando tanto peito e rabo no modo como
estão reunidos, você olha e olha e
olha e não consegue acreditar; há mulheres ordinárias
e então há alguma coisa a mais que faz você querer
rasgar pinturas e quebrar discos de Beethoven
na parte dos fundos no banheiro; de todo modo, a temporada
ia se arrastando e os grandes figurões não paravam de se ferrar,
todos os amadores, os produtores, os operadores de câmeras,
os traficantes de Maria, os vendedores de pele, os proprietários
em pessoa, e Saint Louie estava correndo neste dia:
um cavalo que conseguiu romper no final;
corria com a cabeça baixa e era mau e feio
e pagava 35 por 1, e eu tinha apostado dez nele.
o jóquei lançou-o para a extremidade
colando-o na cerca onde avançaria sozinho
mesmo que tivesse de percorrer uma distância quatro vezes maior,
e foi assim que ele seguiu
o trajeto todo até a cerca exterior
avançando três quilômetros em um só
e ele venceu como se estivesse possuído pelo demônio
e não estava sequer cansado,
e a maior de todas as loiras
feita de quase nada além de peitos e bunda
foi até o guichê de pagamento comigo.
naquela noite eu não pude acabar com ela
ainda que as molas disparassem faíscas
e golpeassem as paredes.
mais tarde ela se sentou apenas de calcinha
bebendo um Old Grandad
e ela disse
o que um cara como você faz
vivendo num buraco como este?
e eu disse
sou um poeta
e ela jogou sua bela cabeça para trás e gargalhou.
você? você... um poeta?
acho que você está certa, eu disse, acho que você está certa.
mas ainda assim ela parecia legal para mim, continuava parecendo legal,
e tudo graças a um cavalo feioso
que escreveu este poema.

Tempestade Para Os Vivos E Para Os Mortos

você não me pega, a chuva está entrando pela
porta e estou na frente do computador enquanto
ouço Rachmaninov no rádio,
a chuva entrando de lado pela porta,
pancadas dela e sopro fumaça de charuto nela e
sorrio.
depois da porta tem uma sacadinha e há
uma cadeira lá.
às vezes sento naquela cadeira quando as coisas vão
mal aqui.
(caramba está caindo água agora!
ótimo! ensopando meu assento de madeira
lá fora!
as árvores balançam na chuva e os
fios telefônicos.)

às vezes sento naquela cadeira quando as coisas
vão mal
e bebo cerveja lá fora,
olho os carros da noite na autoestrada,
também noto quantas luzes são necessárias
numa cidade, tantas.
e fico lá sentado e penso, bem, pode
ser um momento estagnado
mas pelo menos você não está morando na rua.
você não está nem no cemitério ainda.
ânimo, garotão, você já superou
coisa pior...
beba sua cerveja.

mas hoje estou aqui,
e Rachmaninov ainda toca para mim.
quando eu era jovem em São
Francisco, ou razoavelmente jovem, eu era
um pouco mentalmente desequilibrado, achava
que era um grande artista e passava fome por
isso.
estou querendo dizer é que Rachmaninov ainda
estava vivo na época
e de algum modo eu poupara dinheiro
suficiente para ir vê-lo tocar no
auditório.
só que quando cheguei lá
anunciaram que ele estava doente
e que um substituto iria
tocar no lugar dele.
fiquei com raiva.
não deveria ter ficado pois dentro
de uma semana ele estava
morto.
mas ele está tocando para mim agora.
uma de suas próprias composições,
e se saindo muito bem.
com a chuva batendo nesta sala,
agora um vento de temporal escancara
totalmente a porta.
papéis voam pela sala.

há uma batida na porta,
a porta atrás de mim.
ela se abre.
minha esposa entra.

“é um furacão!”, ela diz,
“um furacão de gelo, você vai morrer
congelado!”

“não, não”, digo a ela, “estou bem!”

ela toca os meus braços,
eles estão quentes.

ela fica me encarando.
às vezes ela se pergunta.
eu também.

agora estou sozinho.
Rachmaninov terminou
e a chuva
parou.
e o vento.

agora sinto frio.

eu me levanto e visto um roupão de banho.

sou um velho escritor.

uma conta de telefone olha para mim
de ponta-cabeça.

a festa acabou.
San Pedro, 1993,
no Senhor do nosso
Ano.

sentado aqui.

Vivo Para Escrever E Agora Estou Morrendo

já contei antes e nunca foi publicado então
talvez eu não tenha contado direito, então
é assim: eu estava em Atlanta, morando num barraco
por $1.25 por semana.
sem luz.
sem aquecimento.
um frio de rachar, estou sem dinheiro mas tenho
selos
envelopes
papel.

mando cartas pedindo socorro, só que não conheço
ninguém.
tem os meus pais mas sei que eles não vão estar
nem aí.
escrevo uma pra eles
mesmo assim.

depois
pra quem mais?

o editor da New Yorker, ele deve me conhecer, eu
enviei um conto por semana pra ele por
anos.

e o editor da Esquire

e a Atlantic Monthly

e Harper’s.

“não estou submetendo texto”, eu
escrevia, “ou talvez esteja... de todo modo...”
e aí vinha a proposta: “só um dólar, vai
salvar a minha vida...” e etc. e etc...

e por algum motivo
eu tinha os endereços de Kay Boyle e Caresse
Crosby
e
escrevi para elas.

pelo menos Caresse tinha me publicado em sua
Portfolio...

levei todas as cartas até a caixa de correio
larguei lá dentro e
esperei.

pensei, alguém ficará com pena do escritor
faminto, sou um homem
dedicado:

vivo para escrever e agora estou
morrendo.

e
cada dia
eu achava que seria
meu último.

eu atrasava o aluguel, encontrava pedaços de comida
nas ruas, geralmente
congelados.

eu levava pra casa e descongelava
embaixo da colcha.

eu pensava no Fome de Hamsun
e
ria.

um dia frio era seguido por outro,
lentamente.

a primeira carta foi do meu pai,
seis páginas, e sacudi as páginas
repetidas vezes
mas não havia dinheiro
algum

conselhos,
o principal sendo
este: “você nunca será um
escritor! o que você escreve é feio
demais! ninguém quer ler essa
bosta!”

então chegou o
dia!
uma carta de Caresse
Crosby!
eu abri.
nada de dinheiro
mas
texto datilografado bonitinho:
“Caro Charles,
foi bom receber notícias
suas. desisti da
revista. moro agora num
castelo na Itália. é
no alto de uma montanha mas
embaixo há um vilarejo
com frequência desço lá
para ajudar os pobres. sinto
que é a minha missão.
com amor,
Caresse...”

ela não tinha lido minha carta?
eu
era o pobre!
eu precisava ser um camponês
italiano para me
qualificar?

e os editores das revistas nunca
responderam e tampouco
Kay Boyle
mas nunca gostei do que ela escrevia
de qualquer maneira.
e nunca esperei grande coisa
dos editores das
revistas.

mas Caresse
Crosby?
black sun press?

eu agora até lembro como
afinal saí de
Atlanta.
eu estava simplesmente vagando pelas
ruas e cheguei a uma
pequena área
arborizada.
havia uma cabana de zinco ali
e um grande letreiro vermelho
dizendo: “vagas de trabalho!”

dentro havia um homem com
agradáveis olhos azuis e ele era
bastante cordial
e assinei pra me juntar aos
operários de uma ferrovia:
“em algum ponto a oeste de
Sacramento.”

no caminho de volta
naquele vagão empoeirado de cem anos de idade com
os assentos rasgados e os ratos e
as latas de feijão com carne de porco
nenhum dos caras sabia que eu tinha sido
publicado na Portfolio junto com
Sartre, Henry Miller, Genet e
etc.
junto com reproduções de pinturas de
Picasso e etc. e etc.
e se tivessem ficado sabendo estariam
cagando e andando
e francamente
eu mesmo estava.

só algumas décadas depois
quando eu me via em circunstâncias ligeiramente melhores
que me aconteceu de ler sobre a morte de
Caresse Crosby
e outra vez fiquei desconcertado
por sua recusa em
mandar uma reles notinha para um
gênio americano faminto.

é isso
esta é a última vez que vou escrever essa
história.
ela deveria ser
publicada...

e se for vou receber centenas
de cartas
de gênios americanos famintos
pedindo uma prata, cinco pratas, dez ou
mais.

não vou lhes dizer que estou ajudando os
pobres, à la Caresse.

vou mandá-los ler
os Poemas reunidos de
Kay Boyle.
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