O Primeiro Dia da Criação

Cicatriz na epiderme
macia do silêncio,
ei-la que surge, nítida,
iluminada e frágil,
na geometria exata
do tempo feito espaço,
com gládio nas trevas,
como insígnia de fogo.

Haste de flor de som
sem memória plausível,
gesto puro de flâmula,
alarme sobre claustros
ou mero grito agreste
violando a morte obscena,
ei-la que desabrocha.

No Princípio era o caos,
(Era o cais, eram cães, eram Cains?)
E a palavra boiava,
ambígua, sobre as águas.

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