Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Todas as Garotinhas
foi lá no norte da Califórnia
e ele estava em pé no púlpito
e estava lendo há algum tempo
estava lendo muitos poemas sobre
a Mãe Natureza e a bondade inerente
ao homem.
ele acreditava que tudo estava
certo com o mundo.
e não dava para reclamar dele:
era um professor de carreira que nunca havia
estado na cadeia ou em um puteiro;
cujo carro usado nunca morreu
na autoestrada; que
nunca havia precisado de mais do que
três drinques durante a mais louca
das suas noitadas;
que nunca havia sido fichado, execrado ou
levado porrada;
que nunca havia sido mordido por um cachorro;
que recebia regularmente cartas cordiais de Gary
Snyder, e cujo rosto era
amável, sem marcas e
carinhoso. finalmente,
sua mulher nunca o havia traído
muito menos sua sorte.
ele disse: "só vou ler
mais três poemas e depois vou
descer daqui e deixar
Chinaski ler".
"ah, não", disseram todas as
garotinhas em seus vestidos rosados e azuis
e brancos e cor de laranja
e lilases. "ah, não,
leia mais alguns, leia mais
alguns!"
ele leu mais um poema e então disse,
"este é o último poema que
vou ler".
"ah, não", disseram todas as
garotinhas em seus vestidos meio transparentes
vermelhos e verdes. "ah, não", disseram
todas as garotinhas em seus jeans
apertados com corações costurados neles.
"ah, não", disseram todas as garotinhas,
"por favor, leia
mais poemas!"
mas ele cumpriu sua palavra.
recolheu os poemas e desceu e
desapareceu em algum lugar. quando levantei-me para ler
as garotinhas deram risadinhas em
seus assentos e uma delas assobiou e
algumas delas fizeram observações interessantes dirigidas a mim
que usarei em um poema em alguma data futura
pois este maldito poema em particular
tem que terminar em algum lugar.
de qualquer modo, foi duas ou três semanas depois
que recebi essa carta do poeta William
dizendo que ele havia apreciado minha leitura.
ele era um verdadeiro cavalheiro.
eu estava de cama com uma
ressaca de três dias. perdi o envelope
mas peguei a carta e a dobrei em
um desses aviõezinhos de papel
que eu havia aprendido a fazer na
escola. navegou ao redor do quarto
e aterrissou entre um velho boletim de corridas de cavalo
e um par de shorts puídos.
não nos correspondemos desde então.
e ele estava em pé no púlpito
e estava lendo há algum tempo
estava lendo muitos poemas sobre
a Mãe Natureza e a bondade inerente
ao homem.
ele acreditava que tudo estava
certo com o mundo.
e não dava para reclamar dele:
era um professor de carreira que nunca havia
estado na cadeia ou em um puteiro;
cujo carro usado nunca morreu
na autoestrada; que
nunca havia precisado de mais do que
três drinques durante a mais louca
das suas noitadas;
que nunca havia sido fichado, execrado ou
levado porrada;
que nunca havia sido mordido por um cachorro;
que recebia regularmente cartas cordiais de Gary
Snyder, e cujo rosto era
amável, sem marcas e
carinhoso. finalmente,
sua mulher nunca o havia traído
muito menos sua sorte.
ele disse: "só vou ler
mais três poemas e depois vou
descer daqui e deixar
Chinaski ler".
"ah, não", disseram todas as
garotinhas em seus vestidos rosados e azuis
e brancos e cor de laranja
e lilases. "ah, não,
leia mais alguns, leia mais
alguns!"
ele leu mais um poema e então disse,
"este é o último poema que
vou ler".
"ah, não", disseram todas as
garotinhas em seus vestidos meio transparentes
vermelhos e verdes. "ah, não", disseram
todas as garotinhas em seus jeans
apertados com corações costurados neles.
"ah, não", disseram todas as garotinhas,
"por favor, leia
mais poemas!"
mas ele cumpriu sua palavra.
recolheu os poemas e desceu e
desapareceu em algum lugar. quando levantei-me para ler
as garotinhas deram risadinhas em
seus assentos e uma delas assobiou e
algumas delas fizeram observações interessantes dirigidas a mim
que usarei em um poema em alguma data futura
pois este maldito poema em particular
tem que terminar em algum lugar.
de qualquer modo, foi duas ou três semanas depois
que recebi essa carta do poeta William
dizendo que ele havia apreciado minha leitura.
ele era um verdadeiro cavalheiro.
eu estava de cama com uma
ressaca de três dias. perdi o envelope
mas peguei a carta e a dobrei em
um desses aviõezinhos de papel
que eu havia aprendido a fazer na
escola. navegou ao redor do quarto
e aterrissou entre um velho boletim de corridas de cavalo
e um par de shorts puídos.
não nos correspondemos desde então.
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