Sombra Calada

Por que ser eu, se posso ser o silêncio
da nuvem que não chora?
Meu rosto levita indiferente
pelos séculos de pedra.

Procuro a praia de areias brancas
e encontro a inconsistência do lodaçal
Ah! A adolescência inexata já morreu
deixando os lábios secos
os companheiros sem rumo
o mundo sem amar.

Meus olhos miram a vaguidade, lentamente,
tristes e sós,
mas nada vêem além da janela
enquanto as borboletas amarelas
tingem o anil do infinito.

Não sou o sonho sustentado
nem o riso invisível.
Sou s sombra calada
o silêncio aceso
debruçado no deserto de cimento.

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