Carlos Silva

Carlos Silva

O Músico, poeta cantor e compositor CARLOS SILVA, segue a trajetória de cantadores utilizando o canto falado em seus shows, palestras e apresentações em unidades de ensino fundamental e superior.

1963-04-14 São Paulo
19382
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Alguns Poemas

UM QUERER EM POESIA



Eu queria... sim eu queria!
Queria fazer uma poesia que furasse o oco do mundo, rompesse as locas de pedras, mergulhasse numa lagoa e se estufasse em busca de um rio, e só parasse de furar o bucho do mundo quando chegasse lá no ultimo mar de não sei onde.
Lá, ela acalmaria o cais de vários portos, enxugaria as lágrimas daquelas que amam os Homens vestidos de branco e que em troco de alguns trocados trocam suas experiências deitando-se em vários corpos.
A minha poesia entraria nas sinagogas e ensinava aos escribas falantes o verdadeiro amor que o poder de uma palavra tem, sem crucificar em nome de Cristo, uma humanidade que anseia por uma benção de paz.
Adentraria nas mansões e expulsaria de lá os vícios da soberba, da prepotência e da arrogância, convertida em práticas de luxurias. Invadiria prisões e libertava os guardas das suas obrigações carcerárias, onde eles por um gesto de irmandade soltariam todos os encarcerados escravos de uma pena maior do que a merecida, imposta por um juiz que nem a vida dele mesmo é tão justa que não mereça também um castigo punitivo pelos seus atos falhos no escrutínio dos seus aposentos.
A minha poesia sobrevoaria as igrejas e ensinaria aos padres, bispos, pastores freiras e papas, o real significado do PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU.
Assinaria (não com a rubra tinta do sangue de inocentes em campos de batalha, mas com o branco da paz), um tratado que amenizasse do mundo tudo a culpa ou a condenação por tudo aquilo que não condiz com o bom viver de um ser humano que guarda e professa a sua fé no Deus criador.
Depois ela voltaria para mim, em forma de risos, desenhados de linhos flutuantes em cores azuis, anunciando que a paz no mundo foi consolidada e que os homens de boa vontade agora só falam e cantam munidos de muito amor e paz em vossos corações.
Eu queria... sim eu queria! Eu queria que a minha poesia fosse o balsamo benigno que furasse de amor os corações de todas criaturas da terra... (de todos e de todas as criaturas da terra), até ver de perto como uma borboleta beija seu próprio casulo anunciando a chegada de mais uma vida para enfeitar o mundo de um colorido admirável.

Eu queria... sim eu queria! era só o que eu queria. Que a vida me provasse com amor, como é bonito rico e possível vencer e eliminar o ódio dos corações que foram manchados por coisas tão banais.
Carlos Silva.

QUANDO MORRE UM POETA. (Partículas de poesias)

Quando morre um poeta, apaga-se no luzeiro, ou no forro do alto infinito a luz da palavra, a frase do dizer, e o sentimento mais nobre de uma inspiração recebida e doada.
Quando morre um poeta, o céu sorri, pois sabe que ali abriu espaço para receber mais uma estrela que veio da terra para encantar a imensidão do céu.
Suas palavras estarão ligadas entre terra e firmamento, pois não serão esquecidas e sempre haverá alguém declamando ou cantando as obras que um poeta na terra deixou.
Todo artista da palavra é um anjo que unindo aos outros segmentos artísticos, formam constelações de saberes.
Palavras são sementes, versos são fertilizantes e poesias são os frutos de uma seara fecunda que jamais se acabará, pois fora ali lançada pela voz e pelo coração de um poeta.

Quando morre um poeta, a gente declama, canta em seu velório, mesmo sabendo que o seu espirito não mais está ali para ouvir tantas homenagens a este prestada.

Mas, em nossos corações, é como se ele estivesse sim, presente, pois a sua arte o trará sempre para o convívio de todos nós, mesmo que seja para lhe dar o ultimo adeus.
Quando morre um poeta, a poesia chora, os corações tremem e a saudade machuca tanto que a primeira coisa que a gente faz após passar o momento de despedida, é mais uma poesia brotada de outros tantos corações que jamais permitirá que ela morra de vez.

Por isso, é que chamam poetas de imortais, pois estes, de fato, nunca morrem.





Carlos Silva – Um Artista da palavra.

EMBALANDO UMA TARDE TRISTE

Toda tarde é triste. Por si só, ela (à tarde) traz um retrato diferente do que as outras fases do dia e nos força lembrar coisas tão nossas que nos sentimos meninos jogando bola, brincando de bolinha de gude, de pega pega. As peraltices na escola, a merenda, o recreio, as meninas de saias curtas de cor azul e de blusa ou camiseta branca com sapatos pretos, cabelos bem arrumados, cheirosas e convidativas ao galanteio, ao cortejo, ao interesse de namoro. Às vezes dava certo e noutras não.

Mas a infância ou a pré adolescência é algo mágico, pintado pela emoção dos momentos vividos e divididos de formas iguais, tipo assim, sem medo, sem culpa, e sem responsabilidade. A praça pequena da cidade pequena cercada de sonhos grandes, de gente grande e de passos lentos de todos em busca simplesmente do viver,

O cheiro de pão, ahh o cheiro de pão de forno a lenha se espalhava pela cidade, e quando ele invadia minhas narinas, eu já me preparava para ouvir a sonoridade tão doce (De onde estivesse) da voz da minha mãe me chamar para ir á padaria comprar o tão delicioso e sagrado pão da tarde.

Não, naquela época, eu não via à tarde triste, pois eu era jovem, corria, brincava, soltava pipa, tomava banho no tanque grande e chupava mangas no sitio de Dona Fia, que ainda dizia: Levem algumas para sua mãe.

A vida era assim, não se cobrava pelas frutas (mangas, bananas, Laranjas, goiabas) na comunidade, tudo era uma fartura. Milho, feijão, abobora batata, o povo tinha prazer em dizer: Leve para a comadre.

Hoje, movido pelo balanço da rede no meu quintal, posso (na minha imaginação) montar essas imagens e outras tantas que vivi, onde ser feliz, era uma obrigação cotidiana e o preço, a pagar, era a satisfação de ser o que éramos sem precisar ser o que querem que sejamos.
As cobranças cresceram comigo e hoje sou o que meu pai foi: Um pai zeloso e preocupado se o dinheiro que tenho no bolso dará para comprar meia dúzia de pães de forno elétrico, com massa preparada com tanta química que deixa o pão inchado por fora e oco por dentro, igual cabeça de muitos Homens do poder.

Meu riso nem sempre é como um dia fora. Meus pensamentos cresceram junto comigo a ponto de sentir medo de saber de fato o que sou o que quero, ou para onde vou depois que terminar esses meus pensares no balanço dessa rede de ranger triste, com seus tornos cansados do oficio de embalar corpos. Não poderei levar a rede comigo e nem tampouco ficar a mercê das minhas lembranças que me enchem de vontade de voltar a pagina da minha historia e voltar a correr livre e solto, preso apenas nos devaneios e nas vontades de menino travesso criado numa comunidade pequena cheia de gente grande.
Eu tenho saudades do passado. Gostaria de voltar lá, e tentar mudar alguma coisa que me fez fazer algo errado no hoje que vivo. Não, isso não é possível, daqui não dá pra voltar, somente mesmo nas minhas lembranças sopradas pela nevoa desse recordar tão melancólico que chego a querer chorar como se fosse possível voltar a ouvir o grito suave da minha mãe a me chamar para comprar o pão. Não... Não... Nunca mais a ouvirei, pois a sua voz fora enterrada junto com ela em 1998. Mas ainda posso discernir de outros chamamentos, a sua sonoridade, seu riso doce de mãe protetora, de mulher que gosta do filho, de amizade que nunca o tempo poderá apagar da minha mente cada momento com ela vivido.

Meus amigos...

Onde estão meus amigos? Como eu, também cresceram e conheceram outros rumos. Alguns destes, eu não os vejo a mais de 40 ou 45 anos, outros, fiquei sabendo que já não habitam nesse plano terrestre. Mas as amizades, as amizades daqueles com quem me encontro hoje, já não tem o mesmo sabor, a mesma confiança, a mesma alegria, o mesmo riso, o mesmo companheirismo.

Muitos se tornaram fechados como se tivessem colocado cadeados nas nossas fases vividas. Outros viraram comerciantes e agem como se tudo fosse uma questão de cifras e de valores financeiros e me cobram porque não sou um HOMEM ESTABELECIDO.

Poucos destes, que comigo andavam, brincavam e dividiam sua meninice, nem me convidam para ir às suas casas tomar um café, ver uma foto antiga, sentar com seus filhos para fazer uma resenha desse nosso passado que em mim está tão presente.

Daqueles amigos, restaram poucos, pois suas mãos se distanciaram tanto, que as nossas não se tocam mais,

Por vezes insisto em voltar a vê-los, mas não há uma reciprocidade, um carinho, uma preocupação e isso vão inevitavelmente, nos afastando e eu sentindo esse afastamento como rejeição. E, se eu ainda insisto, é porque de fato eu queria ter de volta aquele amigo que AS COISAS DO TEMPO, o levaram para longe de nós. Os valores gritaram mais alto que os sorrisos e as conversas hoje, são apenas por obrigação de cumprimentos formais sem ter ao certo o que dizer tal abrupto e inaceitável afastamento que hoje nos separa feitos muros de nossa própria (e plantada por nos mesmos) ignorância.

Prefiro tê-los guardados na minha imaginação, onde podíamos sorrir e brincar achando que a vida jamais acabaria. Ela não acaba quando morrermos, mas sim quando não nos permitimos mais sermos os amigos que um dia fomos.

Subitamente a rede parou, ouço alguns passarinhos orquestrando em silvos breves o cântico do entardecer, e isso me faz despertar dessa viagem de sonhos acordado, onde posso até ver que as imagens vão sumindo e a realidade da tarde triste vem ao meu encontro. Mas, na insistência de guardar tanta lembrança com um sorriso largo, ainda trago esses mesmos sorrisos dos meus amigos, as cores da minha infância, o cheiro de pão no forno a lenha, e as mais belas formas tristes de sentir saudades de um tempo que jamais tornarei viver. Se eu morresse agora, muito triste eu morreria,





F I M










O DESPERTAR DE UM NOVO DIA


“O MUNDO DEU UMA REVIRAVOLTA”
Acumulamos muitas perdas, e por vezes choramos, até por aqueles que nunca vimos, mas que tomamos ciência do seu existir, após as suas respectivas partidas. 
Sim, eles se foram. Dentre eles, elas também.
Vidas interrompidas, sonhos diluídos como num sopro leve, numa angustia onde o ar, fez muita falta.
Ultrapassamos em nosso globo terrestre mais de um milhão de vidas ceifadas pelo corona vírus.
A cada 100 anos (como com um pretexto de diminuir a raça humana) uma onda de infecções, invade o planeta.
Quando não por guerras, bombas, misseis, e as contaminações ou fabricadas em laboratórios, ou oriundas de quem sabe de onde.
Mas o que mais (também de forma desumana, e que acredito ser pior do que a Bomba atômica), é a fome.
Silenciosa, Lenta e implacável, mas que só atinge os miseráveis criados pelo sistema de desperdícios, abandono, descaso e desumanidade.
O Coronavírus, veio desestabilizar o mundo, quebrar poderes de dominações, implantar outros interesses em quem tem mais, e muito mais crescer com a visível devastação causada por um vírus que está se mostrando mais forte que a ciência,pois está, ainda não encontrou a vacina NAO PARA COMBATE-LO, MAS ELIMINA-LO DE VEZ.
Afastou pessoas, distanciou sentimentos e excluiu muitos da sociedade que viviam alheios ou sem acreditar que tal INVASÃO pudesse acontecer e devastar com tamanha rapidez, tanta gente pelo mundo afora.
Vale ressaltar, que antes dessa pandemia, tivemos outros CONTRIBUINTES DEVASTADORES DA HUMANIDADE:
• Aids
• Ebola
• Febre Amarela
• Gripe Espanhola
• Malária
• Poliomielite
• Sarampo 
• Tifo
• Tuberculose
• Varíola 

Os estudiosos sei que tem o número exato de mortes causadas por estas doenças, e devem ser assustadores.


PERGUNTEMO-NOS:
• Qual o aprendizado, em que melhoramos ou em que pioramos, quais as perspectivas para o futuro, como encarar tudo daqui por diante, o acumulo de fortunas ainda é necessário, uma nova onda E MAIS DEVASTADORA cairá sobre a terra, E DEPOIS DO CORONAVIRUS O QUE TEREMOS QUE ENFRENTAR MAIS ADIANTE, Haverá alimento para suprir a demanda no mundo, as nossas produções agrícolas no Brasil, serão suficientes para consumo ou a exportação far-se-á mais necessária para capitalizarmos e equilibrar o PIB da nação enquanto abastecemos o mercado externo e corremos o risco de inflacionar nossos produtos aqui para o nosso consumo?

• Qual a nossa visão religiosa, como estaremos vendo, Deus, Cristo e a religião, o que teremos de bom em nós, que possa agradar a Deus, será que já estamos de fato vivendo os momentos finais do planeta, e as pessoas que não acreditam nessa probabilidade, como estão se preparando para o seu viver futuro?
Será que tudo que vivemos até aqui, acabar-se-á em breve sem que sejamos contemplados com a recompensa da vida eterna como o Cristo prometeu, quando afirmou: NA CASA DO MEU PAI EXISTEM MUITAS MORADAS, Muitas moradas para quem e para quantos?.

No que nos tornaremos após essa epidêmica situação que trancou em casa pais e mães de famílias, que teve que se sujeitar a um auxílio emergencial do governo e que viu os produtos mais essenciais para alimentação aumentarem exorbitantemente, fazendo a quantia valer menos da metade recebida?
Que mundo estaremos vivendo, já que (Muitos acreditam baseados na fé e eu me incluo nisso) que em breve, E MUITO BREVE, tudo isso aqui vai passar e uma nova terra será refeita e haverá um paraíso na terra, em que somente os bons de coração caráter e alma nele habitarão?
Deve haver sim, uma maneira de recuperar a nossa vida, de forma mais aproximada de Deus e dos seres que realmente merecem estar guardados e protegidos num reduto onde a paz o amor e a vida plena e abundante, esteja sendo preparada para cada um, desde que, merecedores sejam, desse usufruir.
Assim, teremos uma terra repovoada onde o mal, não existirá, onde o medo, não nos atormentará, onde a morte, jamais possa nos encontrar, pois o Senhor da vida, é quem tomará conta de cada um desses merecedores.

Vivamos, com a farta e abençoada esperança de que um dia, estaremos livres de tudo que causou tanta tristeza e que por ser tão forte, jamais lembraremos das agruras por aqui vividas.
Paz a todos o tempo todo todo e a todo tempo.


Carlos Silva.
05 de Outubro do ano de 2020

UMA CRÔNICA COM REQUINTES DE SAUDADES

O tempo age em nossas vidas, como um guardião, um protetor invisível, um acolhedor, um corretor de nossas atitudes, um memorizador das nossas ações que nos tornam pessoas que com o passar dos anos, começa sentir saudades de tudo aquilo que a sua mente ainda armazena e traz a tona de um recordar. Por mais distante que tenha sido o ocorrido, a mente sempre armazena, as melhores lembranças das nossas vidas.

Assim, sentado num banco da solidão e bebendo as gotas do meu passado insistente em me fazer recordar, fiz uma mente regresso e comecei viajar nessas andanças do meu cérebro que ainda guarda momentos que forçosamente tenta extrair e exteriorizar, para que eu possa transcrever cada partícula de tempo em que vou recordando.

Saudade bate, coração pulsa, alma sente, e a vida me cobra um proceder como se criança eu ainda fosse, ao ver tantas crianças ainda por mim passar, com a leveza desses infanto recordar que hoje mima o meu ser de gente grande almejando ser “minino de calças curtas” a perambular pela vila com os olhares juvenis onde era proibido não ser, não fazer e não se sentir feliz.

Talvez, você nunca em sua vida, tenha ouvido falar da Serra. Da Serra do Aporá, que fica perto de Cajueiro, (Acajutiba) de Barracão, (Rio Real), Mocambo ou Novolinda, (Olindina) da Natuba (Nova Soure) de Sobrado (Aporá) De Dendê, Bomfim, Vila Rica (Crisopolis). Não! Jamais eu poderia condena-lo por isso, afinal, nossos topônimos talvez estejam muito distantes dos teus. Mas saiba que foi por aqui, nessas imediações entre litorais e sertões que eu fui criado e tido como gente vivente para desbravar essas terras. Oriundo sou de outro local onde por lá deixei enterrado meu umbigo como uma identidade, um pertencimento e uma forma de me achar inserido nalgum canto desse imenso país. Talvez, isso nem implique mais em identificar-me lá onde meu umbigo um dia foi enterrado, pois foi daqui que comecei meu primeiro contato com o povo que passou ser meu povo, com a gente que passou a ser a minha gente, e que por este aceito fui e por isso identifico-me até com o seu modo de falar e de fazer a vida ter sentido nesse viver alucinado em busca dos sonhos que nunca se perdem pelo andar desse mundo tão complexo e cheio de descobertas, lembranças, prazeres duvidas, sonhos e até decepções. Na complexidade desse meu discurso em busca de mim mesmo, é que me apresento para que entendam que eu também tive quimeras que hoje as lembranças tangem o meu viver para esses mais remotos encantos da minha vida. Assim, passo a lhes convidar para conhecer um pouco dessa minha Serra, a Serra do Aporá que fica perto de todas as cidades acima citadas, para não ser redundante.

Por favor, queira por gentileza concentrar sua atenção em mais esta narrativa que lhes passo como uma reparação trazida nesse momento pelos deleites das minhas lembranças.

EITA, a idade chegou, o cansaço me veio e a fadiga me alcançou.

Sentado num banco de praça (perto de casa para não me afastar muito) vejo as crianças brincando numa gritaria exagerada como somente elas sabem e podem fazer. Sim, podem. Toda criança pode ter o direito de gritar, extravasar a meninice e ao seu modo ser feliz. Afinal, ser criança, é um curto tempo que passa ligeiro e em nós deixa saudades, ainda que vivamos 100 anos.

Avisto um dos meus netos correndo com seus coleguinhas, e outro que passa na minha frente e feliz grita pra chamar minha atenção: OLHA VOVÔ. Todo orgulhoso em pedalar sua bicicleta.

Meus olhos se enchem de saudades e numa fração de segundos, eu me lembro da bicicleta que papai comprou pra mim e da alegria que eu senti em poder dizer: Eu tenho a minha bicicleta que papai comprou pra mim.
Era pra ir pra escola, pra ir à venda comprar algo pra mamãe, pra dar um recado, pra chamar alguém para ajudar em casa e principalmente para fazer o que o meu neto está fazendo agora: PARA BRINCAR. Preencher o tempo de menino em meio a tantos gritos aproveitando aquela liberdade que só quem é (ou quem já foi) criança sabe o seu significado.

A vida passou, Itamira cresceu o açude que era imenso, diminuiu juntamente com o tanque grande. Quando a gente é criança tudo é grande. O pé da serra era imenso, a ladeira do João Luiz era enorme e atolava carros por lá quando chovia e os tanques transbordavam e as pessoas iam pescar e saiam carregando suas enfieiras de peixes.

Vou tentar Descrever um pouco do meu viver numa vila que me viu crescer, amparado nessa minha meninice ali vivida, mesmo sabendo que a mente, não vai obedecer alguns detalhes que o tempo apagou. Mas deixou alguns lampejos dessas lembranças onde agora passo a fazer a minha narrativa, ou o que sobrou de todo esse meu lembrar.

Existia a praça onde eu morava com minha família, seguindo reto chegávamos à casa de Manezinho e Dona Bemvina que era a mãe de Tinego. O comércio se dividia assim:
Tinha a pensão de Dona Amélia e de Dona Eduarda. A farmácia de Terezinha de Pasquinho, O bar de Manoel de Juca, o Departamento de Correios e Telégrafos (D.C.T) onde minha mãe trabalhava, tinha a loja Santos de Olímpio e o armazém de Guilherme Chaves, (ambos da cidade de Olindina). A loja de Jaldo Mendes (De Inhambupe) as padarias de Seu Zé Batista/Seu Enoque e também a de Noel, a venda de Raimundo do gás, o comércio de Zé do Ouro, a venda de tio Joel, a tenda do Sr. Timóteo, e lá na saída da rua a tenda de “Seu Lalu” (o 10º Prefeito do município) o bar de “Seu” Rozi, a venda de João da Pedra (Pai de Dezinho) a venda de “Seu” Zé da jaqueira (Eram dois irmãos do Retiro), o Bar de Cabo Mário, a cachaçaria de Durval (Pai de Herbert) de Inhambupe, que até hoje mantém o comércio. Na esquina (onde hoje é de João papa, era a venda de Clovis Mendes Vasconcelos). Por ali também tinha o bar de Antônio Vieira (TONHO DE ZÉ VIDA TORTA), a loja de tecidos do Sr. Godofredo Mendes de Souza (O quarto Prefeito), O Sobrado do Finado Mauricio e Dona Julia. No bar que era de Manoel de Juca (Que antes era de Otoniel) foi instalado o primeiro supermercado de Itamira, cujo proprietário era o Daniel (da cidade de Inhambupe).

O beco do mercado (Que por uma insanidade ou falta de conhecimento cultural de preservação de um patrimônio derrubaram para construir uma instalação da prefeitura) que dava acesso, e ainda dá a praça da igreja, onde do lado esquerdo tinha as vendas de Dedézinho do pé da serra e a marcenaria do “Seu” Zé Biita casado com D. Alice do tijuco. No fim da rua (a esquerda) existia uma casa que abrigava a cisterna.

Subindo, sentido a saída para Aporá que hoje se chama Av. Coronel José Simões de Brito (Que até hoje nem sei quem foi, mas carece de um estudo sobre a vida do Homem que empresta o seu nome para uma das principais vias da cidade).

Tinha o armazém do Seu Neném de Pequeno (irmão de Pasquinho) a venda de João de Francisquinha, depois a casa de Paraguai, o comércio do Senhor Cosmo ai vinha à farmácia de Terezinha, - onde fora ali a recepção do casamento de Milton e Esmeralda- A casa de Nezinho de prazer e D. Amélia (Os pais de Zé Renato, ou Zé Tiliba), depois a do Senhor Agenor Mendes de Oliveira 8º Prefeito, (contando com a curta Gestão de Zezito Correia). Seguindo reto iriamos encontrar a casa de Chica Dantas, Tio Lucas, quase em frente à casa de Mané de Zé Santo e Dona Ana (Mãe de Mariazinha, Tais e Louro Som) e seguindo pelo lado esquerdo, a casa de Seu Zuminho e Dona Zefa. (RAPAZINHO DIREITO) era assim que ele chamava meu irmão Raimundo e eu.

E lá adiante a casa de Pedro Bueiro e Dona Martinha, e em seguida a casa e a tenda de ”Seu” Vicente Ferreira, Sinó e toda família, que eu os tinha E TENHO como parte de minha família também, em face de aproximação que tínhamos com eles e com os meninos.

A venda de Ulisses de Cosmo. E do lado esquerdo a casa de Dona Elisa e do lado direito, Dobrava-se ali na esquina que dava acesso a casa do Senhor Pionório, na tão conhecida Rua da Delegacia. Onde vi muitas perversidades acontecer naquela época, com os presos que eram levados para lá. (Por falar nisso, vale ressaltar os nomes dos soldados: Etevaldo, - que vivia maritalmente com Dona Santinha irmã de Tio Sé, e outro por nome Antônio Soldado, que me parece que era da região de Serrinha).
Seguindo até o final, dava acesso ao Caetano (Terras do “Seu” Suta, que posteriormente passa pertencer ao “Seu” Zelito de Celi) que seguindo ia sair lá adiante já perto onde hoje é a casa dos herdeiros do nosso querido ZÉ RIACHÃO – O BRASILEIRO. Dali, seguindo para a direita na bifurcação, ia pro campo de bola (O carecão), mas antes tinha a casa de Seu Mané Felix, passava em frente da casa do “Seu” ZE LAPADA, lá adiante era a casa de “Seu” Chiquinho curador, a casa de Tonho curador, Freboni, Manelinho, Geronisso, Badinho e a esquerda descia pro açude, passava pela casa do “Seu” Marciano, mais adiante, a casa de Domingo futuro, Pedro Cambueiro, “Seu” Bispo até chegar às aguadas.

Na saída da rua (Sentido Inhambupe) primeiro tinha o acesso ao cansa bode (e ainda tem que seguindo por ali vai pra várzea, chapada e por ai afora).

Seguindo pela direita: A casa de Zé Pedro de Negune, Nezinho da Várzea, Dona Vina, (Alguns ranchos de feira) D. Zélia e Mané Dantas. A rua acabava ali.

Mais a esquerda era a saída principal onde hoje é o posto medico (Ao lado da casa de Seu Nestor e Dona Anizia, Mãe de Neuman, Neumize e Neurandi, e mais adiante era o matadouro, onde nas imediações era a casa de Dona Julia (Mãe de Zé de Mauricio, Salvador e Aurélio). Foi ali na casa de Dona Julia, que eu vi chegar o caixão do Sr, Antônio de Mariana, que era proprietário de um caminhão e muito amigo do meu pai, o Sr. Otácilio (PARAIBA).

Lá em cima na saída pelo lado direito era a casa de Chico Surdo e em seguida A malhada de Dona Agda, a casa de Zé Vida Torta e D.Salvelina, E quase em frente, era(E AINDA É) a casa de Totonho e Dona Coité, vizinho de Fraterno e Honorata. Seguindo ainda pelo lado esquerdo, a casa de Dona Mariquinha, João de Pedro a casa da avó de Tizío (Esqueci o nome dela, que era também avó de um sujeito chamado Marivaldo) e o prédio escolar.

Existiam ali quatro entradas para o carrapato: A primeira onde hoje é a casa de Boquinha, a segunda a casa do Finado Teodoro Mendes a terceira após o Prédio, (Vizinho a Zé Caiçara e Dona Moça) em frente à matança de Zé Maia (Pai de Zé Pretinho) a quarta era depois da casa de Seu Zé Pereira, que após a entrada era a casa de Seu Pedrinho e em frente à casa de Seu Do Reis. Passando dessa casa vinha a morada de Bento e Zita (Que eram os pais de Teobaldo, Miudinho, Carminha e tinha uma outra que não recordo o nome). Logo em frente - Colado com seu Pedrinho - morava a finada Caetana e depois era a casa de Zé Maia e Dona Davina, e em seguida era a casa de D.Odete (que era vizinha de Januária de Vitoriano, pai de Marão) e quase em frente morava Pedro Sergipano com a professora Nenzinha e família.

Ao lado dele a roça de Manoel Dantas que ficava em frente à casa de Seu Lucas e Dona Nita, e em frente morava Seu Juca e Dona Zulmira, e ao lado deste, Seu Luiz e Dona Maria (que eram os pais de Dadá, Zé e Alice). A frente morava Dona Nicácia seus filhos e sua filha Izilda.

Ali no sitio residiam Jeronilson, Petu, Rui que foi casado com Amália, Antônio de Apolônio, o Pai de SEU NÉ, Ricardo, D.Raquel (Mãe de Zé) Seu Olímpio, Mané Coruja, Seu Davi (e sua grande família), os pais do finado Zelão, e Seu Amando e chegava às vendas, ali entrada da chapada.

Como não guardar na mente tantas lembranças que hoje mesmo estando grande ainda sinto-me pequeno demais, como se ainda coubesse o meu corpo no afago dessa terra que um dia me teve embalando em seus braços que eram tão meus, mas que o tempo (como um guardião, um protetor invisível, um acolhedor, um corretor de nossas atitudes, um memorizador das nossas ações que nos tornam pessoas que com o passar dos anos crescem) tirou-me de lá, mas nunca me afastou de fato daquele torrão que ainda AO MEU MODO, eu amo sem saber explicar como e nem por que. E, num suspiro de saudades eu afirmo em dizer que eu, sim, que eu sou da Serra, da mesma Serra do Aporá, da então Itamira que um dia hei de ver emancipada, onde hoje pra ela, dedico essas minhas memórias.

Fim... Mas sem nunca terminar, pois amor, nunca termina, aquilo que um dia a vida começou.

Carlos Silva - poeta cantador, Mestre de culturas populares e Itamirense de todo meu coração inspirado nas saudades tão minhas que divido com todos aqueles que entendem o que quero de fato dizer.

Com gratidão e muito afeto, Muito obrigado.

Contatos (75) 99838-5777
E-mail cscantador@gmail.com Instagran; Carlos_poetizado


O Músico, poeta cantor e compositor CARLOS SILVA, segue a trajetória de cantadores utilizando o canto falado em seus shows, palestras e apresentações em unidades de ensino fundamental e superior. Criado entre as cidades de Nova Soure, e posteriormente em Itamira município de Aporá, a 180 Kms de Salvador, o musico carrega em sua bagagem o aprendizado colhido no meio de feira do interior baiano. Casado com Sandra Regina, tem 05 filhos e está aguardando o primeiro neto.Em 1981, participa de uma banda musical em Itamira(Ba) TRANZA A QUATRO, numa mescla de repertorio que variava de Beatles a Luiz Gonzaga, onde dá os seus primeiros passos como instrumentista (baterista da banda) ao lado de Hélio Dantas, Zé Milton E Carlinhos. Retorna a São Paulo, em 1982 e começa trabalhar em siderúrgica e deixa um pouco a carreira de lado. Em 1997, Conhece o Maestro Vidal França e produz o primeiro demo um ano depois: O CANTO DO MEU CANTO, que conta com a participação da cantora e compositora Mazé e de Zé de Riba. Tocam na noite paulistana na região do bixiga, onde Carlos Silva, inserido no mundo artístico por Vidal França trava conhecimento com boêmios onde forma mais tarde muitas parcerias musicais. A musica de trabalho do cd era LEMBRANÇAS DE MATO GROSSO DO SUL. Um passeio cultural pelas cidades do Ms, enaltecendo a riqueza pantaneira daquele estado. Em 2000 lança um outro single: NASCEU NA BAHIA O BRASIL, por ocasião dos 500 anos do Brasil. Em 2001, produz um cd experimental regravando essas obras já lançadas, com o titulo: ABRA OS OLHOS. Em 2003 sob a produção de Ney Barbosa compositor da Chapada diamantina da cidade Rui Barbosa na Bahia, entra em studio e com o selo da JBS grava o cd: RETRATANDO. Participa de vários programas de rádio na capital Paulista, São Paulo Capital Nordeste com o pesquisador paraibano Assis Angelo e na Radio Atual com Malu Scruz. Varias Rádios comunitárias e Tvs, recebiam a arte cantada de Carlos Silva, que de mochila recheada de Cds, percorria o Brasil divulgando a sua arte de cantar e agora atribuía á sua carreira, poesias em forma de literatura de cordéis. 2003, foi o ano que conheceu a coperifa e o poeta Sergio Vaz que o convidara a participar do projeto na Zona Sul de São Paulo. Fez programas de televisão como Tv Cultura, Rede Record e rede globo, Tv Alterosa em Minas Gerais. Carlos Silva dedicando-se á literatura, é convidado a participar da antologia poética O RASTILHO DA POLVORA e de um cd de poesias da coperifa, produzidos pelo Itau cultural em São Paulo. Viaja pelo Brasil pelos Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, segue pelo Nordeste, Bahia, Pernambuco e Paraíba, agora amparado pelos cds e cordéis produzidos sempre de forma independente. 2008 Lança o mais recente trabalho fonográfico: O BRASIL EM VERSOS CANTADOS, que traz algumas parcerias com os seguintes colegas: Moreira de Acopiara, Chico Galvão, Joilson Kariri e Nato Barbosa.Morou por quase dois anos na cidade de Ilheus onde aproveitou bem essa passagem pelo sul da bahia e divulgou em Itabuna, Vitoria da Conquista a sua modalidade do canto falado. Seus principais parceiros musicais: Sandra Regina, Vidal França, Zé de Riba, Mazé Pinheiro, Lupe Albano, Karina França, Rhayfer (Raimundo Ferreira) Batista Santos, Ney Barbosa, Edinho Oliveira, Cida Lobo, Edmilson Costa, Paulo de Tarso Marcos Tchitcho e Nininho de Uauá.Forrozeando, o artista percorre a região nordeste, apresentando o seu trabalho em feiras culturais, dividindo os palcos da vida com artistas como: Azulão baiano, Zé Araujo, Cecé, Asa Filho, Antonio Barreto, Franklim Maxado, Kitute de Licinho e um punhado de gente bôa. As musicas são um filme para se ouvir, e cada frase, é um pedaço de poesia rebuscada na cultura popular e no solo sertânico chamado Brasil. Seus projetos futuros: Um novo cd, misturando versos e cantigas, o livro Poemas Versos e Canções, e muitos livretos de cordéis que pretende lançar a cada mês, para apresentação nas feiras culturais e colégios, bibliotecas e outros espaços culturais. CORDÉIS
Carlos Silva
Gostaria de poder acrescentar mais poesias, mas perdi senha e não sei mais como entrar.
16/março/2023

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