Marcelo Gama

Marcelo Gama

Marcelo Gama, pseudônimo de Possidônio Cezimbra Machado foi um poeta e jornalista brasileiro. Foi um dos maiores representantes da poesia simbolista no Rio Grande do Sul, movimento forte naquele Estado.

1878-03-03 Mostardas RS
1915-03-07
7845
0
0


Prémios e Movimentos

Simbolismo

Alguns Poemas

Mulheres

Pela simples razão de eu ser viril e poeta
que celebra, encantado, eternas bodas,
olho as mulheres todas
com o mais impertinente interesse de esteta.

Por isso, às três da tarde e às vezes antes,
desconhecido entre desconhecidos,
levo para a Avenida uns ares importantes
e afinado o quinteto dos sentidos.

E ficou a deambular a tarde inteira
entre snobs e Apolos de pulseira.

Fico-me unicamente para vê-las
no florir do seu viço,
para senti-las, para analisá-las,
do autêntico ao postiço,
umas — soberbas, fúlgidas estrelas,
outras — de um palor lânguido de opalas...

E enrodilhando-as em olhares ledos,
o que se passa em mim pode ser comparado
àquele querer-tudo alvoroçado
das crianças nas lojas de brinquedos.

Olho-as, remiro-as de alto a baixo, sigo-as,
dispo-as, ponho-as em pose, impassíveis e brancas,
ora aqui desvendando imperfeições ambíguas
de atafulhadas ancas,
ora ali descobrindo, entre êxtase e surpresa,
formas definitivas de beleza.

De algumas eu já sei nomes, histórias, vidas,
crônicas passionais,
prestigiadas do encanto de um mistério;
biografias heróicas, doloridas,
escândalos banais
e banais episódios de adultério.

Porém, todas as mesmas, em conjunto,
maravilhoso assunto
de um poema intenso, em que ando a meditar,
e com um título antigo, assim ao jeito
das inscrições dos velhos pergaminhos:
"Das perfídias que hão feito
as mulheres, os vinhos
e as cartas de jogar".

(...)

Rio de Janeiro - 1909.


Poema integrante da série Dispersos.

In: GAMA, Marcelo. Via Sacra e outros poemas. Posfácio de Álvaro Moreyra. Rio de Janeiro: Ed. da Sociedade Felippe d'Oliveira, 1944. p.139-14

Feia

Feia!... Como isso dói na tua alminha débil!
É nobre a coitadita, e muito a contraria
ser forçada a morar numa tal moradia...
Eis aí porque a vejo amargurada e flébil.

E é por seres assim que eu te quero assim tanto,
com este amor tão limpo e tão sem egoísmo,
pois logo a sujaria o meu sensualismo,
se animasse essa carne algum sopro de encanto.

Toda vez que me vem de tua alma perfeita
esse ar de doçura e pesar sossegado,
evocas-me o sabor que já tenho encontrado
em certos frutos sãos, mas de casca suspeita.

Água fresca bebida à beira de uma fonte,
em mau copo de folha, enferrujado e gasto...
Como deve bater penosamente casto,
sob o teu peito murcho, o coração insonte!

Borboleta que sai de um casulo rugoso...
teu sorriso não traz convites para o beijo:
antes pede perdão... manifesta o desejo
de que não se repare em teu corpo anguloso.

Sei que um dia choraste, assistindo a uma boda,
porque viste alguém rir do teu porte mesquinho.
Já chegaste a dizer, encontrando um ceguinho:
— Que bom se fosse cega a humanidade toda!

Entristeceste ao ver, numa revista de arte,
um "tipo de beleza"... E terias a palma
se fosse dado a alguém fotografar tua alma...
— não havia mulher tão linda em toda parte.

Dói-te se ouves falar, quando estás numa roda,
na formosura desta ou daquela mulher.
Vês em cada semblante um motejo qualquer...
e descreste, por fim, dos recursos da moda.

Imagino que horror deves ter aos espelhos!
E a crueldade da água em que lavas o rosto
há de forçosamente encher-te de desgosto,
repetindo que és feia e dando-te conselhos:

— Que não tenhas vaidade e não sejas faceira...
Parece-me que a ti um tal conselho é inútil,
pois tua alma sadia, abençoada e dúctil,
é uma flor que nasceu dentro de uma caveira.


Publicado no livro Via Sacra (1902).

In: GAMA, Marcelo. Via Sacra e outros poemas. Posfácio de Álvaro Moreyra. Rio de Janeiro: Ed. da Sociedade Felippe d'Oliveira, 1944. p.47-4

Sugestões do Ocaso

Para o Carlos Torelly

Não sei por que será que os aspectos de agosto
me convidam à cisma à hora do sol posto!

Ontem fazia frio, era roxo o arrebol,
e céus e terra e tudo, as árvores e as águas,
pareciam estar carpindo as suas mágoas...
Choravam de saudade, ao ver partir o sol.

E eu também fiquei triste, até eu, que sabia
que a treva era um instante e o sol ressurgiria!

A natureza tem desses fundos mistérios...
Sei que uma sepultura é o nada, a eterna paz,
e entretanto, meu Deus! não me sinto capaz
de penetrar sozinho, à noite, em cemitérios!

Segredos que a razão não nos explica: o caso
é que eu participei da amargura do ocaso.

Erguendo os braços nus, despidos pelo outono,
o arvoredo guardava atitudes de prece.
O silêncio rezava. Era como se houvesse
romarias no espaço. A tarde tinha sono.

Da paisagem subia, espiralando, o incenso
que me fazia ter o coração suspenso.

E estávamos nós dois: eu e minh'alma, ali;
eu sentado, ela em frente; e puz-me a interrogá-la...
Pois embora ela fosse um doente sem fala,
não conto, por pudor, certas coisas que ouvi.

Por Deus Nosso Senhor, que perdi toda a calma!
E haver inda quem negue a existência da alma!

Ai! como foram más, amargas, aziagas,
as horas que passou est'alma combalida!
Mas o instante de horror maior em minha vida
foi quando eu a despi e examinei-lhe as chagas!

Depois, risquei no chão, uns sinais cabalísticos...
Lembrei-me de morrer, e puz-me a escrever dísticos...

Epitáfios assim: "Foi mau, mas morreu cedo".
E havia logo abaixo, um nome de mulher...
(A gente muita vez escreve o que não quer...)
Sepultura e noivado... Estremeci de medo.

Que se a idéia de morte às vezes nos conforta,
apavora-nos ver uma pessoa morta.

E fiquei-me a cismar. Além, a lua triste
tinha molhada em pranto a palidez da face...
(Que bom seria ouvir, se a lua nos contasse,
os romances de amor a que dos céus assiste!)

Não sei por que será que os aspectos de agosto
me convidam à cisma, à hora do sol posto!...


Publicado no livro Via Sacra (1902).

In: GAMA, Marcelo. Via Sacra e outros poemas. Posfácio de Álvaro Moreyra. Rio de Janeiro: Ed. da Sociedade Felippe d'Oliveira, 1944. p.31-3
Marcelo Gama (Mostardas RS, 1878 - Rio de Janeiro RJ, 1915) fez apenas os estudos primários, em Cachoeira do Sul RS, em 1875. No período de 1898 a 1900 fundou o jornal Artes e Letras, em Porto Alegre, e a revista Lua, em Cachoeira do Sul. Em 1899 teve estréia sua peça A Peste Bubônica, co-autoria de Zéferino Brasil, na capital gaúcha, encenada pela Companhia Silva Pinto. Publicou crônicas sobre O Salão de Artes Estadual, no jornal Correio do Povo, em 1901. No ano seguinte, foi lançado seu primeiro livro de poesia, Via Sacra, de estética simbolista. Ainda em 1902, ocorreram as estréias do monólogo O Sonho e da peça teatral O Sol-à-Mão, escritos em parceria com Zéferino Brasil. Em 1903, teve seus poemas Versos de um Coração e Ode à Morte publicados no Almanaque Literário Estatístico do Rio Grande do Sul. Na década de 1910 publicou ainda Avatar (1904) e Noite de Insônia (1907). Em 1944 foi lançado o livro póstumo Via Sacra e Outros Poemas. Segundo a crítica Regina Zilberman, "a inauguração da estética simbolista no Sul é atribuída a Marcelo Gama, autor de Via Sacra, de 1902.".
Marcelo Gama - Cabofriense - 2019
Arts.21 | Summer Guests #7 - The Brazilian Artist Marcelo Gama
live show director Marcelo Gama / La Banda Season 2 with Wisin
Director Marcelo Gama in Mira Quien Baila 2013 Amazing kids
Dayanara Torres habla entre lágrimas de su divorcio de Marcelo Gama, Marc Anthony la consuela
Megasom Video Sessions #03 | Marcelo Gama
Marcelo Gama - Fotografia
Dayanara Torres anunció el final de su relación con Marcelo Gama | Hoy Día | Telemundo
Marcelo GAMA - 1ère Épreuve, Concours international de piano d'Orléans 2020
Dayanara Torres habla como nunca de su romance con Marcelo Gama | Buzz
Bartok Piano Concerto 3 Allegro vivace Marcelo Gama
Marcelo Gama
Dayanara Torres TERMINÓ su NOVIAZGO con Marcelo Gama 💔👆👆
Dayanara Torres y Su Novio, Marcelo Gama
Dayanara Torres ROMPE su NOVIAZGO con Marcelo Gama
El novio de Dayanara Torres habla sobre la exMiss Universo | El Gordo y La Flaca
Schönberg Op 11 Nr. 3 Marcelo Gama
Unsuk Chin Etude VI 'Grains' - Marcelo Gama
Becky G PJ2021 Live Song: Fulanito / Directed by Marcelo Gama
Marcelo Gama
DAYANARA TORRES ROMPE EL SILENCIO Y DICE PORQUE TERMINÓ CON MARCELO GAMA
MQB moments Directed by Marcelo Gama
Así fue el encuentro de Marc Anthony con Marcelo Gama, novio de su ex esposa Dayanara Torres😱
MARCELO GAMA JEITO CARINHOSO
MARCELO GAMA RAMOS 8
Unsuk Chin Etude III 'Scherzo ad libitum' - Marcelo Gama
Morte na Marcelo Gama
Vídeo Marcelo Gama - Get The Funk Out
Video Marcelo Gama - Toca Joe Satriani
Marcelo Gama nbl 2015 finale reel 2
marcelo gama
Cópia de Marcelo Gama
MARCELO GAMA AMO VOCÊ
Marcelo Gama & Rubens Russomanno Ricciardi USP Filarmônica Live
Resgate: Carro com sete pessoas capota na Marcelo Gama
Claudio Santoro - Balada (1962) Marcelo Gama, piano
DAYANARA TORRES Y SU NOVIO MARCELLO GAMA PONEN TIERRA DE POR MEDIO
Câmera de segurança flagra acidente fatal na Marcelo Gama
Gérard Pesson - Vexierbilder II. Marcelo Gama, piano
Taxista que atropelou jovem na Marcelo Gama estava acima da velocidade
Godforsaken - Marcelo Gama
DR. MARCELO GAMA
Marcello Gamiz Ft. Banda Cruz De Oro - Las Reflexiones (En Vivo 2018)
¿HAY PROBLEMAS EN LA RELACIÓN DE DAYANARA Y MARCELO?
Always with me always with you
Marcelo Gama | Carpinteiro
MARCELO GAMA GRAND SUBMISSION VII
Marcello Tupynambá e Marcelo Gama - O leque (Luiza Sawaya e Francisca Aquino)
Dnit faz recapeamento na Marcelo Gama
Inquérito vai apurar causas de acidente na Marcelo Gama

Quem Gosta

Seguidores