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Inge Müller, nascida Inge Meyer em Berlim a 13 de março de 1925, foi uma prosadora, dramaturga e poeta alemã. Passou a assinar Müller ao casar-se com o prosador, dramaturgo e poeta alemão Heiner Müller, quatro anos mais jovem.
Seus pais morreram nos bombardeios dos aliados sobre Berlim, e ela própria ajudaria a retirar os corpos deles dos escombros da casa. Logo em seguida, em outro bombardeio, ela mesma passaria um tempo soterrada, junto de seu cão, nos escombros do seu prédio, até serem resgatados. As experiências da guerra deixariam traumas profundos na autora.
Ao buscar água caiu sobre mim uma casa
Em nossas costas a casa foi carregada
Nos ombros meus e do cachorro
Não me perguntem como
Isso para mim é passado
Perguntem como ao cachorro
Foi casada, logo depois da guerra, com Kurt Lohse, com quem teve um filho logo antes de separar-se e casar-se com Herbert Schwenkner. Em 1953, conhece o jovem Heiner Müller, então com 24 anos. Ela, com 28. O jovem Heiner passa a viver com ela e seu marido, numa relação a três. Em 1955, casa-se com Heiner Müller.
As tentativas de suicídio continuam, e a relação com Müller, com quem colaborou em suas primeiras peças, é difícil. Apesar de um prêmio conjunto em 1959 por seu trabalho colaborativo, Inge Müller sente-se à sombra do marido, que colhe as glórias como autor, ela, como assistente. Após um caso intempestivo com o irmão de Heiner, Wolfgang Müller, a relação entre os dois torna-se irremediavelmente partida. A 1 de junho de 1966, suicida-se Inge Müller com uma overdose de tranquilizantes. Heiner encontraria seu corpo na cozinha da casa.
A relação entre Heiner e Inge Müller é uma das relações amorosas e literárias mais trágicas da Literatura alemã, tendo sido já comparada à de Sylvia Plath e Ted Hughes. Após a morte de Inge, Heiner passa a assinar sozinho as obras em que colaboraram. Além disso, uma suicida não caía bem à História literária de um país socialista, e seu nome caiu no esquecimento por muito tempo, apesar dos esforços de poetas mais jovens que a admiravam na Alemanha Oriental, como Bernd Jentzsch e Richard Pietraß. O problema, no entanto, era também poético: sua poesia lírica tampouco caía bem a um país socialista.
As peças em que Inge e Heiner colaboraram foram Der Lohndrücker (1956), Die Umsiedlerin (1956), Die Korrektur (1957), Klettwitzer Bericht (1958) e Unterwegs (1963). Portanto, antes das peças que o tornariam famoso, como Mauser (1970), Germania Tod in Berlin (1971), Die Hamletmaschine (1977), ou Der Auftrag (1979).
Em vida, Inge Müller publicou apenas os livros infantis Wölfchen Ungestüm (1955) e Zehn Jungen und ein Fischerdorf (1958), além de uma peça radiofônica. Deixou inacabado o romance Ich Jona (Eu, Jonas). O que escreveu com mais intensidade foi sua poesia.
Sua obra foi reunida finalmente no volume Daß ich nicht ersticke am Leisesein: Gesammelte Texte ("Que eu não me sufoque de ficar quieta: Textos reunidos", Aufbau Verlag, 2002). Agora temos acesso a sua poesia delicada e ao mesmo tempo sufocante, e ela não está mais quieta.
--- Ricardo Domeneck