a visão do poeta na tv

(angústia)

ao vê-lo na tela,
joão cabral de melo:

sem visão central
sem uma esperança
sem o olho do alvo
sem ponto de fuga
sem foco de apoio

seu "compreende?" soa
dito a cada frase
como a tentativa
de reter o ausente
que visto convence

como se o falado
só só se atingisse
quando dirigido
à meta do olhar
além do pensar

como se o pensado
só de fato o fosse
se olhado no centro
cravado no branco
como osso do verso

a cegueira faz
fazê-lo estranhar
as palavras ditas
escritas no ar:
a face invisível

do monstro vencido
em seus tempos vívidos

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