Desencanto

Eu canto o canto
do meu desencanto.

Eu canto a lua
de pele manchada,
despudorada
com astronautas
de quarto em quarto
e nua.

E canto o medo
e as pequenas covardias
que no dia a dia,
em segredo,
fazem as minhas heresias.

Canto o tempo esgotado,
porque, na hora,
o deserto é pranto.
E o meu corpo chora
sem o recado,
que sublimará o meu canto.

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