Bicho

Hoje vive preso, trancado,
Atrás das cidades, inofensivo.
Existe apenas para lembrar-nos
Que um dia aquilo fomos nós.

A memória é como um zoológico
Isolando do mundo todo tipo de sentimentos animais
Que ainda não extinguimos.

Porém, o ritmo monótono e rápido da vida
Metralha, por aí, tudo que encontra
Matando espécies inteiras.

Resta o mêdo.
Que nunca durma o zelador.
Pois se assim for
Não existirá nenhuma lembrança real,
Viva.

Restará somente,
Fotos coloridas em livros desbotados
Mostrando a alma deste sentimento.
Desenhos a mão, esboços,
Num esforço de quem não sabe desenhar,
Num papel como este.

É essa a esperança,
Só depois de tudo acabado
Poderemos reconstruir.

Quando sofrer,
Rebusque a memória,
Numa jaula pequena, com a placa apagada,
Existe um bicho,
O mais indefeso.
Lá estava escrito...

Amor.

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