Mário Pederneiras

1867-11-02 Rio de Janeiro
1915-02-08
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Íntimo

(fragmento)

A boa vida é esta:
O sossego normal deste meu quarto,
Em luz e paz imerso,
Onde as horas reparto
Entre o — do ganha-pão — rude trabalho
E o Culto do meu Verso,
Que me dá e atesta
A certeza orgulhosa do que valho.

E numa esfera assim, clara e discreta,
Que um bem-estar pacífico resuma,
Ter, como eu tenho, quando leio e escrevo,
O suave enlevo,
De uma
Doce figura feminina e casta
Que, alegremente e carinhosa, arrasta
A vida heróica de mulher de Poeta.

Não que o Poeta seja um mau, um triste
Merecedor de insultos e de apodos,
De ódio e menoscabo...
Nele, ao contrário, só doçura existe,
Mas porque é um pobre diabo
Que sofre mais que todos.

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