Segundo Soneto

Meu amor é um antigo montanhês
Que se escondeu na mais estranha gruta.
Há quem diga que em tempos de escassez
Meu amor se transforma em força bruta.

Nestas noites, meu velho se transporta
Na garupa da águia mais sombria,
Sobrevoando a casa cuja porta
Com medo você fecha em correria.

Não vê que tão esquivo aldeão,
Não sabe que tão incrível eremita
Pesquisa em meio à treva um só clarão

Que ilumine a caverna onde habita?
E no entanto na própria gruta escura
Mora o sol, toda a luz que ele procura.

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