Joaquim Paço d'arcos
Joaquim Belford Correia da Silva , conhecido como Joaquim Paço d'Arcos, foi um escritor português.
1908-06-14 Lisboa
1979-06-10 Lisboa
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Medo
Medo não o temor dos piratas no Rio do Oeste,
Nem dos tufões no mar.
Não é o receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
Nem o susto dos enforcados,
Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.
Medo não é o temor da guerra,
nem da for, nem do cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de S. João;
Não é suspeita
De que a morte espreita,
Continuadamente,
E nos levará.
Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensanguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noites,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.
Medo não é o temor das ciladas,
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
E sorvem lentamente as vidas...
Medo é est pavor de que tu partas|
E me deixes só.
Nem dos tufões no mar.
Não é o receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
Nem o susto dos enforcados,
Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.
Medo não é o temor da guerra,
nem da for, nem do cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de S. João;
Não é suspeita
De que a morte espreita,
Continuadamente,
E nos levará.
Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensanguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noites,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.
Medo não é o temor das ciladas,
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
E sorvem lentamente as vidas...
Medo é est pavor de que tu partas|
E me deixes só.
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