Enigma

Malícia, fidúcia:
as unhas pintadas de mel.

E o vestido da nudez oculta
a velhice da alma.

Verdes mares longínquos
da mocidade: ressaca
de vinho tinto.

Que punhal é esse que não vejo
e usas, de súbito
e engulo,
e com uma cobra por echarpe
sirvo a mesa
de luto:
não sou a mesma. E quem és?

Quem és? Responde
com a tua inocência de um tiro.
Em que bolso estava
quem eu vejo?
Mas tão depressa que parece nada.

A mesa é a mesma:
é madeira sem surpresa.
O que é servido evapora.
Quem eras?

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