Pablo Neruda
Pablo Neruda foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha e no México.
1904-07-12 Parral, Chile
1973-09-23 Santiago, Chile
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VI - As Pontes
Novas pontes de Praga, nascestes
na velha cidade, rosa e cinza,
para que o homem novo
passe o rio.
Mil anos gastaram os olhos
dos deuses de pedra
que da velha Ponte Carlos
viram ir e vir e não voltar
as velhas vidas,
de Malá Strana os pés que para Morávia
se dirigiram, os pesados
pés do tempo,
os pés do velho cemitério judeu
sob vinte capas de tempo e pó
passaram e dançaram sobre a ponte,
enquanto as águas cor de fumo
corriam do passado, para a pedra.
Moldava, pouco a pouco
te ias fazendo estátua,
estátua cinzenta de um rio que morria
com sua velha coroa de ferro na fronte,
mas de repente o vento
da história sacode
teus pés e teus joelhos,
e cantas, rio, e danças, e caminhas
com uma nova vida.
As usinas trabalhavam de outro modo.
O retrato esquecido
do povo nas janelas
sorri saudando,
e eis aqui agora
as novas pontes:
a claridade as enche,
sua retidão convida
e diz: “Povo, adiante,
para todos os anos que vêm,
para todas as terras do trigo,
para o tesouro negro da mina
repartido entre todos os homens”.
E passa o rio
sob as novas pontes
cantando com a história
palavras puras
que encherão a terra.
Não são pés invasores os que cruzam
as novas pontes, nem os terríveis carros
do ódio e da guerra:
são pés pequenos de meninos, firmes
passos de operário.
Sobre as novas pontes
passas, oh primavera,
com tua cesta de pão e teu vestido novo,
enquanto o homem, a água, o vento
amanhecem cantando.
na velha cidade, rosa e cinza,
para que o homem novo
passe o rio.
Mil anos gastaram os olhos
dos deuses de pedra
que da velha Ponte Carlos
viram ir e vir e não voltar
as velhas vidas,
de Malá Strana os pés que para Morávia
se dirigiram, os pesados
pés do tempo,
os pés do velho cemitério judeu
sob vinte capas de tempo e pó
passaram e dançaram sobre a ponte,
enquanto as águas cor de fumo
corriam do passado, para a pedra.
Moldava, pouco a pouco
te ias fazendo estátua,
estátua cinzenta de um rio que morria
com sua velha coroa de ferro na fronte,
mas de repente o vento
da história sacode
teus pés e teus joelhos,
e cantas, rio, e danças, e caminhas
com uma nova vida.
As usinas trabalhavam de outro modo.
O retrato esquecido
do povo nas janelas
sorri saudando,
e eis aqui agora
as novas pontes:
a claridade as enche,
sua retidão convida
e diz: “Povo, adiante,
para todos os anos que vêm,
para todas as terras do trigo,
para o tesouro negro da mina
repartido entre todos os homens”.
E passa o rio
sob as novas pontes
cantando com a história
palavras puras
que encherão a terra.
Não são pés invasores os que cruzam
as novas pontes, nem os terríveis carros
do ódio e da guerra:
são pés pequenos de meninos, firmes
passos de operário.
Sobre as novas pontes
passas, oh primavera,
com tua cesta de pão e teu vestido novo,
enquanto o homem, a água, o vento
amanhecem cantando.
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