Pelo Alto Mar

Longe, pelo alto mar, onde a ave não se aninha,
rasgando os escarcéus da noite de áureos brilhos,
singra silenciosa a doida nau que é minha,
pesada de saudade e bambos amantilhos.

Um marinheiro canta e no convés caminha,
na loucura do mar olhando os tombadilhos,
para não sossobrar, sob a onda marinha,
essa nau que deixou para traz longos trilhos.

Velas brancas de luz no oceano, altaneiras,
enfunadas de vento, ao clarão das estrelas,
tendo no mastaréu o pano das bandeiras...

Toda a glória de amar, em sonhos rosicleres,
revive no pavor dos homens das procelas
e se afoga em canções no beijo das mulheres.

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