Eu quero partir com os loucos o pão,
Eu quero partir com os loucos o pão,
migalhas diárias do desespero grande,
também o sino em meio ao peito,
ali onde o pombo aninha-se
e tem seu refúgio minúsculo
no ermo sobre as águas.
Residi por anos como pedra
no chão das coisas.
Eu ouvi, porém, o sino
sussurrar teu segredo
nos peixes com asas.
Hei-de aprender a voar e nadar,
deixar o pedregoso sob as pedras,
aconchegar em madrepérola
a melancolia, elevar aflição, ira.
Minhas asas são mais velhas
que tua paciência, minhas asas
vão à frente da coragem
que tomou sobre os ombros o louco.
Eu quero partir com os loucos o pão,
ali no ermo assustador do pombo,
onde o sino triparte o maior desespero
ao som tríplice do teu nome.
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