Soneto da Terça

quando você se entristece
uma coisa qualquer se me entrista.
um gole de rum a mais que eu insista
é coisa pouca e você não esquece.

quando, porém, se nada teça
vida minha e pobre de artista
você me toca e me diz: desista
meu bom amor, amo-te na terça.

muito bem, tento-te de novo
alma de pombo, espírito de corvo,
sobras-te-me na estação.

volvo-me a ti amor em praia,
soluço de sol, sal de caia —
da casa. só a luz e verão.

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