Giselda Medeiros

1939-07-14 Acaraú
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Parábola do Amor Recém-Nascido

E disse-me a Noite:
"Cairá sobre ti o indizível da minha boca,
e as canções de ninar, que eu não tive, e
embalarão todos os teus medos
que dormirão na paz infinda dos segredos.
E não temas: serei a tua bússola
no frenesi afoito dos ocasos;
serei a mão de trevas que há de te guiar nos longes
dos meus domínios de negra majestade.
Carrego as chaves que abrem as alvoradas
onde as estrelas, precursoras de caminhos,
semeiam seus momentos de saudade.
Acordarei, de um sono milenar,
o deus dos deuses — o supremo Amor
e ordenarei que ele te alcance
com um só raio do seu olhar.
E tu, analfabeta diante das procuras,
hás de ser sábia na busca dos prazeres
e, no teu ventre estéril de esperança,
fecundarei a tua própria vida,
e nascerás do Amor em tuas próprias mãos."

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