Carlos Frydman

1924-11-15 Varsóvia (Polônia)
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Martelo-Pilão

Malha, malhando,
malhando está,
o pilão não cessa,
não pode cessar.

Pão, pão,
martelo-pilão
Pão com pão
com fome é bom.

Motores, engrenagens,
correias, roldanas,
bancadas unidas
por eixos gerais.

Pão, pão,
martelo-pilão.
Pão com pão
com fome é bom.

Só param,
só cessam
quando convém
tocar
a sirene,
pela mão
do patrão.

Pão, pão,
martelo-pilão.
Pão com pão
com fome é bom.

Que apito estridente!
Estridente apito
no coração da gente
em cada um ecoou.

Pão, pão,
martelo-pilão.
Pão com pão
com fome é bom.

Malha, malhando,
malhando está.
Pesadas tonelagens
de milhões e milhares,
passando no malho,
que não cessa,
não pára,
não pode parar.

Pão, pão
martelo-pilão.
Pão com pão
com fome é bom.

(...)


In: FRYDMAN, Carlos. Os caminhos da memória. Apres. Carlos Burlamáqui Kopke. Il. João Suzuki. São Paulo: Fulgor, 1965
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