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Gente entre gente, que não se pense que se sente o que outro sente, nem que se pressente para além do presente.

1965-05-01 Vitória, Porto
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Sismo no barqueiro

Era a hora da demora era o tempo do desalento pelo roubado momento, e os pelos que cresciam no céu da boca faziam Permanente para ganhar volume enquanto o céu escurecia lá fora.

Todas as pisaduras faziam mutirão e os meus gemidos eram silêncios sincopados, imóveis na tensão da insana dor persistente.

Ao lado da revolta cobertura do leito de abrigo a água engarrafada posava longínqua e inatingível como uma viciada prima dona de milanesas passerelles

A ressaca: existência a preceder a essência em gritos de bem te disse cabrão enquanto um exacerbado secão diz sim é possível estar-se assim fodido e mesmo assim vivo. 

As ondas de desatino corriam soltas no corpo que paga os exageros das águas furtadas, as ondas sísmicas em conjurados terramotos 

Esse sismo de alto escalão só entrava em suspensão na vertente da latrina onde o eu se despejava em veste de bílis amarela e a cobardia se revela em refrões de palavrões.

Nessa tarde nem um movimento era espelho desse tonal desalento, só o imóvel calar de qualquer projecto debaixo do plúmbeo teto da pensão em inação forçada.

Uma erecção incongruente trazia um dadaísmo de pornografia esotérica que queria canalizar o álcool no sistema num ainda maior problema.

Dentro de mim um vadia voz dizia e repetia este vai ser o teu último dia. Reza. Reza animal, heterodoxia do ateísmo sem causa, precoce menopausa. Reza motherfucker.

E eu rezei umas Ave Marias intercaladas de submissos pais nossos, e a cabeça a estourar nem assim parou de se inquietar em pequenas convulsões no espectro do delírio tremens.

Bem, patinar eu vou patinar, mas talvez não ainda hoje, talvez ainda não hoje, malandro.

Matar eu sei matar, atirar eu já atirei, porrada muita dei, então se a roda roda e o retorno é verdadeiro, tenho muito que penar primeiro.

Nem sabia então o que de verdadeiro havia naquela cassandra bêbada e dorida deitada numa cama corrida numa pensão com ilusões de grandeza que se cria Universal, coitada da enxovia dos tempos da outra senhora com a decadência disfarçada de  decência e de bons costumes.

Aquele falsário de si próprio haveria de acabar o dia a que se sucederia infindável panaceia diária daquela dor imaginária mas nem por isso menos dolorida.

Na rotação axial as tonturas da repetição induziam cefaleias que se matavam a tiros de garrafas e gritos de charros aspirados, e assim estruturas neuronais alienadas conduziam a respostas contra os estereótipos dominantes em marés vivas de estranhezas crescentes. A baixa mar era apagada e morta, apenas navegada por amnésias selectivas sempre a seguir esquivas naturezas. 

Nesse tempo os guerreiros de terracota esperavam o momento de serem revelados, torres gémeas altaneiras invocavam o capitalismo sem fronteiras e jovens como esse atolambado haviam olvidado as boas maneiras após tanto repetir as mesmas asneiras. 

Quatrocentas e mais formas de estar fora das normas perduraram até um se querer um sicário proletário de mãos culpadas em sangue derramado seja em Fez ou Alvarez,
E a loucura se instalou imperceptível sempre a aumentar o nível de desarranjo e a imaginar um tocador de banjo em compassos mal tocados na varanda de um trailer lá no Louisiana. Antes da explosão de um laboratório o mandar para lá daquele Gregório revisitado, 
Definitivamente para o outro lado sem passagem, para a outra margem onde não corre aragem entregue por um barqueiro nada nada maneiro com órbitas vazias dentro das noites, dentro dos dias.

Podeis dizer Aleluia?
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