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Gente entre gente, que não se pense que se sente o que outro sente, nem que se pressente para além do presente.

1965-05-01 Vitória, Porto
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Domingos a penas


Domingos apenas, inutilmente sofridos

Tão raramente vividos nestes anos corridos, 

Onde me desejam planos a reparar danos


Melhor quando saía lombrado sem dormir

Cansado do amor suado, skoll matinal, 

O papo pouco banal, os cães a conversar 

As pessoas a comprar pão e eu a disfarçar 

A comprar o que não havia de emborcar

Ou até fumar uma preta, que era raro,

Uma loira com a branca de qualidade,

Essa era a dona do domingo de verdade. 


Domingos cheios de intencionalidade

Tardes de calor, água ,sexo, insanidade,

De família,no jeito que se traz no peito


Até sobrevir a corrente de decidir sob ameaça de prisão 

Optar pela saúde sem pão, a matar-me desde então, 

A lutar contra a minha natureza, a minha certeza

A amarrar-me à decadência sem qualquer beleza,

Instilada dor, falar em amor, induzir estupor, temor.


Pois mais vale uma manhã das belas que este recorrente pardieiro, 

Trocava uma dessas por um ano frio, de fosso, inteiro, 

Que prescindo do canudo da faculdade, das Senhoras de Fátimas, 

De existir, realmente, de inspirar ar seco, da ansiedade.


Olhos velhos, refratados em miríades de lágrimas 

Vertidas sem soluço, lágrimas escorridas, páginas vazias, 

Arredado na proximidade, falso, ciente da verdade, 

Os certos e eu errado, tertio non datur, onda e reverberação, 


Conversão irrecusável, subtil humilhação 

Transição ao pior dos eu-mundos possíveis 

Em micro degraus invisíveis, desníveis 

Certos, que solidão não é não ter tostão ou não poder ganhar

É ser apagado a pincel, restaurado fora do painel, 


Ostracizado, depredado, enganado, pisado, 

Como eu, o impiedoso, haveria esmagado, 

Egoístico-narcisicamente iludido, 

Os que outrora julgara ter amado. 


A justiça será feita e a criatura desfeita, 

O pobre coitado, alienado, carente,

Um farrapo doente, mais um demente,


A reabilitação, inserção, prevenção especial de socialização. 

A revolta do urbano rebanho dos integrados,

Assim por bem banirá o egoísmo do alterado. 

O dados antigos ainda rolam, cubos lançados,

Planos esmiuçados em forks traçados, 


Que no dia de ficar mudo, hei-de sorrir 

Ao lembrar todo o dia o que vos ouvi mentir 

A tentar trazer uma razão 

Que não aceito neste porvir

Quisera jazer contorcido 

Num plano esburacado, perdido. 

Sempre, estejam certos, a final, 

Deitarei onde quiser, ou, se não puder

Numa simbólica Pasárgada qualquer. 


Sem ser amigo do rei, nem toque de roque, 

Um salgueiro vergado na onda de choque. 

Um peão coartado no alheio chão, quimera, 

João sem mera terra, afastado da galera


Tal o pigmeu do ateu, carvāo sem ambição,

Banido, sem piedade, pela hoste da realidade

Que seja esquecido e nunca referido

Que seja ignorado e nem sequer mirado


Que não seja incluído 

Seja ele tentado e sempre recusado

Que se sinta amargado e para sempre apartado 

Que entre num Loop inescapável

Seja um completo e total miserável 

Um Midas moderno tornado eterno. 


A constante de Hubble, a Friedman equation, 

Sobrevivem, attention, entretanto, 

Drake's equation nem tanto, 

Nicole Kidman, Moss e Gwendolyn 

Não estão nem aí, entretanto


E eu habito um mundo finito 

Num instante que balança numa trança

Que seguro enquanto danço 

E rio da seriedade e da verdade, 


Sem desmerecimento, convosco empatizo, 

E sempre que me coloco no vosso lugar

Uma lua de sangue, um estranho luar

Cassandriza no meu pêndulo a vossa ilusão, 

A razão da importância que dão à noção,

E como v/o chão afundaria na minha posição

Perdida ilusão de instabilidade evolutiva

A noção de luta pela vida, a vossa base

Ponto de equilíbrio, obra da humanidade 

A necessidade de manter a glutamil transferase

Gama GT, não tem de quê. 


Não sei que vos dê, não sei que faça

Ajuízo que é mais isso que vos ameaça 

Como o receio de um contágio

Como um mau presságio no intestino 

Um pavor enraizado de desatino

O ruir dos padrões, a falta de normas, 

O furacão que roda na orla da verdade

O destroyer da fundamentação 

Desordem da ação e consequência, 

Como garras a raspar dentro da cabeça 

Uma coisa que ninguém quer que aconteça 


Assim procuram um amor que tudo supere

Um amor que eu tenho roubado do mundo

E me sustenta neste lugar fundo. 



 





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