Samuel da Mata
Nasci e cresci pobre, mas não tenho vergonha disso. Sofri na pele as injustiças da pobreza, mas mesmo assim vivi feliz pois não conhecia a sua verdadeira fonte. Saudei heróis forjados na podridão, mas vestidos no linho fino do engodo e da publicidade paga.
APENAS UMA FOLHA
Apenas uma folha, mas a imagino sorrindo
Apenas folha, mas poderia ser lábios se abrindo
Apenas folha, mas nos induz a nobres sentimentos
De um rosto vazio, a aguardar um momento
Apenas folhas, assim podemos ver a vida
Apenas folhas, sem coração a dar guarida
Folha somente, triste e renegada ao léu
Sem olhos, sem lágrimas, tristeza ou labéu
Apenas folhas, talvez queira você também ignorá-las
Deixe que o vento as leve, basta a ti as tuas mágoas
São rostos anônimos em um mar de indiferença
Que esperam nos teus olhos um sorriso de clemência