Clareanna V. Santana
Baiana, natural de Eunápolis, mora em João Pessoa desde 2006 quando começou a levar a sério suas escritas. É mestre em antropologia e amante de poesias e música.
1987-04-27 Eunápolis-BA
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Cheia de Faltas
Eu sempre começo o dia
abrindo os olhos.
Queria amanhecer abrindo os braços de um abraço,
pra variar de vez em quando.
Talvez preenchesse esse vazio que chamam de existencial.
Enquanto o sol adentra pela janela
fico observando como ele esquenta as coisas,
só não os meus pés.
Meus pés andam frios. Penso até que é solidão,
ou tristeza talvez.
O fato é que a solidão deve ser mãe da tristeza.
Ela é grande e sua filha é pequena e
por isso só nos alcança os pés.
Tenho pra mim que esse vazio é inexistencial,
pois tem faltas na minha vida.
Algo inexiste em meus dias
e por isso esse frio não passa.
Já levanto sentindo falta de alguma coisa
e vou dormir acumulada de tanta falta.
Parece ilógico, mas estou cheia de sentir faltas.
Meus pés sentem falta,
meus olhos sentem falta,
meu sorriso sente falta.
Começo a pensar que preciso parar de sentir,
como alguns por aí…
Há muito o que fazer na sala,
sentir às vezes me toma tempo.
Mas como fazer o sentir dar um tempo?
Já tentei contar as horas para ganhá-lo e
só perdi tempo mesmo.
Não adianta contar…
o tempo não pára, eu não saio do lugar
e não paro de sentir.
O que é a natureza, não é? Uns sentindo falta de
tanto e outros com tanto sem dividir.
Clareanna V. Santana
Clareamente
abrindo os olhos.
Queria amanhecer abrindo os braços de um abraço,
pra variar de vez em quando.
Talvez preenchesse esse vazio que chamam de existencial.
Enquanto o sol adentra pela janela
fico observando como ele esquenta as coisas,
só não os meus pés.
Meus pés andam frios. Penso até que é solidão,
ou tristeza talvez.
O fato é que a solidão deve ser mãe da tristeza.
Ela é grande e sua filha é pequena e
por isso só nos alcança os pés.
Tenho pra mim que esse vazio é inexistencial,
pois tem faltas na minha vida.
Algo inexiste em meus dias
e por isso esse frio não passa.
Já levanto sentindo falta de alguma coisa
e vou dormir acumulada de tanta falta.
Parece ilógico, mas estou cheia de sentir faltas.
Meus pés sentem falta,
meus olhos sentem falta,
meu sorriso sente falta.
Começo a pensar que preciso parar de sentir,
como alguns por aí…
Há muito o que fazer na sala,
sentir às vezes me toma tempo.
Mas como fazer o sentir dar um tempo?
Já tentei contar as horas para ganhá-lo e
só perdi tempo mesmo.
Não adianta contar…
o tempo não pára, eu não saio do lugar
e não paro de sentir.
O que é a natureza, não é? Uns sentindo falta de
tanto e outros com tanto sem dividir.
Clareanna V. Santana
Clareamente
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