AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
193982
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Ao povo

o povo
não contém a lua
mas há vários sóis
no meio da rua
 
o povo
não se individua
apenas se divide
entre o que está posto
e o que não atua
 
o povo
diz-se em cordas
nós que desatam
todas as horas
 
não lhe cabe a desculpa
de ser apenas um
no meio da luta
pois agregado
numa compleição infinda
nada lhe resta da culpa
indivídua e restrita
 
o povo
não se conjuga
verbo subversivo
não lhe cabe o modo
antes se explicita
como se fora uma verdade
que precisa ser dita
 
não trai no seu gesto
qualquer melodrama
 o povo é um amor
que nem se ama
pois para cabe-lo
numa proporção restrita
era preciso desfazê-lo
de sua força infinita
e trança-lo em peitos avulsos
por sobre os descaminhos
e encontrar todos os passos
do seu desalinho
 
o povo nunca cogita
do que não disse
apenas todas as palavras
estão em riste
e por contê-las tantas
no vão da vida
sobra-lhe o infinito
como medida
 
o povo deve ser apenas
a régua da vida.
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