De olhos fechados

Nos olhos em que as lágrimas embalam ao som de soluços, desbravam a face cálida. O que não se pode ver! Desespero do mundo.

Na tristeza que persevera, a saudade instaurada na dor, repugnante.

Aflição do desejo incontido.

A pele insensível, insolente. Acabou a arte!

No pensamento que vive, na morte que aprisiona a vida, sozinha.

No retrato empoeirado, sem importância.

Os dias são anos, o tempo tênue. Na alma esmorecida, incabível no horizonte.

A música que canta e não encanta. Relembra o sorriso perdido na face. Do dia que a noite roubou, da noite que escureceu os suplícios.

No grito ensurdecedor, âmago arrasado no precipício.

A destruição revelada no pessimismo insistente.

Na esperança da desesperança.

Do luto infindável que carrega-se por si e só.

A êxtase do martírio, no pulsar do sangue que não mais queima.

Na frieza, na rijeza dos sonhos inexistentes.

E a poesia soberba, de versos hipócritas. Na melancolia exibicionista, sem efeito.

A traição no abandono.

Da respiração que não mais alcança o perfume, intenso, evaporou, se desfez!
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