Alma

De onde alma vieste?
Por onde não te busquei
Achara-te no caminho tão só
Quanto a mim encontrei

Perdida no mundo tão negro,
Criado em rica ilusão
Contida em tua pureza
Reprimida na tua emoção

Os ventos guiaram o tempo
Sem saber aonde irás
Remoendo os desalentos
Olhando os pobres mortais

Observa a tristeza,
da humana natureza voraz
No caos de sua insana ganância
Saciando seu egoísmo sagaz

Vestida com pés descalços
No silêncio da sensatez
Necessitas de um caminho claro,
Que a morte da virtude desfez

Donde alma achas-te,
Esse orbe querer habitar?
Onde rude costume cultivam,
Desprezando uma vida honrar.

Carregas uma esperança no peito
Que o desgosto não consegue despir
Herdas dos nobres espíritos
Esse jeito distinto a seguir

A Longa planície é árdua
A quem tenta os outros comprar
Quem sabe um pouco mais tenro
Aquele que deixa o coração lhe guiar

Já vistes o pôr do sol, no alto da montanha se abrir
Nos mares, a solidão sorrindo,
nos braços de quem se viu partir

Já viste a noite secar, na espera da consciência.
A amargura tendo filhos, em sua descendência

Viste portas de lares fechadas
Para vidas inteiras roubar
Ideias, frágeis de um novo rumo
Amante do tédio vulgar

Culpa em cada um é tida
Na Teima em desviar da estrada,
como se o torvo fosse conquista,
para uma alma desencontrada

A ermo, então, segues como arauto
Lendo o livro escrito a mão
Elevando os olhos ao alto
Aceitando a salvação

Recitando pelos lugares
Os versos escolhidos do não mentir
Alheio a gozos vulgares
Atento para chamada
Com olhos fitando ao subir.

niterói.rj | 2011

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