RafaVtres

Mil facas penetram o meu corpo brando
Quando lembro que seu sorriso já partiu
Minha casa iluminada está tão sombria
As trevas dominaram a arte quando
Por aquela porta você saiu
E o que resta hoje para mim é só saudade
De verdade, os momentos são tão bons de recordar
As pinturas que fazíamos nas paredes
Belas telas, obras de arte a se admirar
Como esquecer de suas quentes mãos
Deslizando sobre meu corpo
Tomando fácil o controle da situação
Provocava e dançava música que só nós escutávamos
E fazíamos a coreografia com exatidão
Pra lá e pra cá, nesse movimento sexy a gente se envolvia
Prazer era o mínimo que a gente sentia
Meu corpo nu e seu corpo nu
As mais belas esculturas eram talhadas
Dia e noite, noite e dia
Todo momento era hora de se entregar, desenhar, esculpir
Cantar, dançar, trabalhar nossa poesia que só a gente entendia
Cada canto eu te lembro, até tento te desenhar em toda a parte
Porém estou incapacitado, sem você aqui não tenho tesão pela arte

Amanheceu e eu caminho vagarosamente
Ao horizonte tento me entregar e continuo fugindo de mim
Não sei o que quero encontrar, só quero me perder
E meu sorriso é só a falsa expressão no meu rosto por não conseguir chorar
Seguindo para Oeste em direção ao local que o Sol se põe
No fim da tarde vou ser consumido pela escuridão
E quando o ar gélido tocar nos meus pulmões
Na madrugada fria eu vou cair e me lamentar
Seguir em frente já não será mais uma opção
Como enxergar o futuro se o passado ainda incomoda?
E se eu me distrair com as constelações
A chuva serena me trará de volta a realidade
No meu pulso vou contando os segundos
Torcendo para terra parar de girar e o tempo descansar um pouco
Mas ele é teimoso e insiste em continuar
Meu pobre coração já reduz a sua velocidade
E meus pés formigam ao tentar me levantar
E ao Leste o Sol que se pôs nasce outra vez
Tentando trazer vida ao meu caminhar
Olho pro céu e até agradeço pela Boa vontade
Mas se ele estivesse em minha pele saberia que não era pra voltar

Sou área aberta de ventos frios e poeira esvoaçante
Sem proteção vagando abaixo do Sol escaldante
Sou deserto, não tenho nada a mostrar
Sou calor o dia todo mas a noite o frio que possuo irá te impressionar
Sou inferno, sou fraterno,  sou coma interno
Sou Paraíso, sou sorriso, sou felicidade aonde piso
Sou Terra sou miragem, paisagem apenas pra quem quer se iludir
Mas tenho meu oásis, buscado por kamikazes que querem criar morada em mim
Sou barreira sem ter nada, me escondo atrás de mim mesmo e disfarço minha dor
Sou tempestade de areia, destrutiva maré cheia com quem quer brincar de amor
Sou flor do deserto, contraditório e incerto, impressionante e incapaz
Sou forte, sou fonte, me isolo do resto do mundo pra buscar a minha paz
Sou temido, sou um nada, sou desafio pra quem quer explorar
Sou tudo, sou ungido, sou sonho vívido de um amor pra recordar

Solitário nesse mundo insano
Vivendo entre o santo e o Profano
De modo a ser indeciso
Corpo marcado por cicatrizes
Onde estará o paraíso ?
Sobreviverei às minhas crises
Alma, levanta-te
Avante para o infinito
Sobreviva, fique firme
Em seu universo maldito
Corpo amaldiçoado
Mente vazia e problemática
Aquieta-te e arquiteta-te
Pare de ser tão dramática
Essa agonia eu dispenso
A partir de agora eu quero
Tranquilidade em tudo que penso
Apesar de que um pouco de insanidade
Eu pretendo manter
Lúcido nesse mundo
Eu não consigo viver

Eu grito de dor, mas não emito nenhum som
Tento me contorcer pra evitar que esse mal se espalhe
Minha alma já abandonou o meu corpo há muito tempo
E não adianta, já retornei minha verdadeira personalidade
Psicótico, isso que eu sou
Por enxergar como o mundo realmente é
Psicótico, isso que eu sou
E não me importa o que tenho que fazer
Não quero ajuda, já me acostumei
Eu sou assim, mas explicar não sei
Não vou mudar só por você
Só me aceite como me vê
Não quero ajuda, me acostumei
Eu sou assim, já te expliquei
Não vou mudar, esse é meu eu
Aquele cara, em mim morreu

Eu estou vendo palhaços sem bocas
Os seu rostos estão deformados
Os anjos estão caindo do céu
Não nos protegem, estamos abandonados
O mundo está em preto e branco
Só a sua imagem que possui cor
Enquanto a neblina fria rasga minha pele
Mas mesmo sangrando eu não sinto dor
Não quero ajuda, já me acostumei
Eu sou assim, mas explicar não sei
Não vou mudar só por você
Só me aceite como me vê
Não quero ajuda, me acostumei
Eu sou assim, já te expliquei
Não vou mudar, esse eh meu eu
Aquele cara, em mim morreu

Nas paredes as pixações me lembram sangue
Tudo pra mim tem cheiro de morte........
Em todo lugar... sei que estão me vigiando
Mas olho pra trás e não vejo ninguém
Em todo lugar... sei que estão me vigiando
Mas olho pra trás e não vejo ninguém
Vamos
Abra essa porta, antes que eles me peguem
Vamos
Eu não quero ser dilacerado
Não quero ajuda, já falei que sou assim
Me acostumei com esse novo eu em mim
Se você me entende, então me explique
Não vou mudar mas vai ser bom ouvir
Palavras com as quais eu me identifique
Não quero que me ajude, apenas que me aceite
Se não for possível, entenderei que você não é capaz
Não quero que mude ou que se sinta obrigada
Mas me deixe aconchegar nas suas asas,
Me escorar nos seus braços e morrer em paz

Hoje mais uma vez sonhei contigo
Em um lugar tão poético, tão bonito
Impossível traição? Não...
Os pássaros cantavam, porém tristes
A cachoeira de água cristalinas
Tanta pureza, difícil acreditar que existe
Natureza exuberante, impecável
Mas não imune ao nosso pecado
Hoje sonhei com você
Sonho tão bom que virou pesadelo
Nem mesmo toda a magia de seu beijo
Tirou da minha mente essa visão
O simples tão complexo da nossa casa de madeira
Caindo, despencando ao chão
Todo o céu azul, iluminado céu
Foi dominado pelo véu da escuridão
Hoje eu sonhei mas queria não ter sonhado
Ou pelo menos acordar e não ter me lembrado
Talvez só mais um dia ruim
Sem motivo, cabisbaixo
A razão me deixou ainda mais para baixo
Em eterna solidão
Hoje eu não quero te ver
Assim quem sabe eu não sonhe
Talvez nem durma
Hoje sonhei com você
Mas esse mesmo sonho
Nunca mais pretendo ter

Eu já fui mais forte
Já me senti mais forte
Já tive sorte
Já ignorei a morte
Evitei os cortes
Cortei meus receios e controlei os trotes
A esperança eu distribuía em malotes
O amor em lotes
Que ficaram escondidos
Foram tomados, jogados de lado
E agora estão desaparecidos
Passaram os anos e ficaram esquecidos
Enterrados vivos, sentimentos perdidos
Coragem avassaladora
Salve engano vontade louca
Esperança insana , medo da morte
Terrenos nunca mais vistos
Erros cometidos
Sonhos roubados, jamais devolvidos
Terras profanadas, talvez até mesmo envenenadas
Pela hipocrisia do dia a dia
E crimes que eu cometi
Me pergunto todo dia por que eu cresci ?...

Por tantos ventos que passaram
Tantos galhos foram quebrados
Folhas caíram ao chão
Sonhos foram roubados
Pensamentos equivocados
Melodias desafinadas
Declamações sem paixão
Poesias rabiscadas
Não dizem nada, nada...
Por tantos rios desaguei
Pelo mar eu passeei
Nas cordas da vida equilibrei
Tantas vezes desabei
Chuva e ventania agitaram o rio
Sob um céu sem lua, tão sombrio
Murmurando palavras inaudíveis
Representando a alma que caiu
Se levantou, balançou
Logo após dançou
Calmaria invadiu
Corpo cicatrizou
Pensamentos voltando a fazer sentido
Sonhos sendo devolvidos
Vivência de um novo amor!!

Ela se entregou pra mim
Banhada de mal e malícia
Me cobriu com sua pele
E me acariciou com sua boca
Percorrendo de um jeito desigual
A áurea dela me consumia
E o olhar penetrava fundo na alma
Ela me tocou
Com a mão em meu pescoço
Me agarrou e puxou
E me falou em sussurros
Se entregue
E eu caí na tentação
Armadilha do diabo
Com gosto bom e refinado
Não resisti
E de um jeito ardente
Sexo envolvente
Sem vergonha e prazer total
Noite minha e dela
Aproximação carnal
Nosso carnaval foi de arrepiar
Mas o Sol chegou
Banhado de arrependimento estou
Pois nada foi real