Kanienga L. Samuel - José

Kanienga L. Samuel - José

Técnico de Construção Civil, Poeta e Pensador Cristão. ''Percorro as veredas do conhecimento com muito amor, paciência e prudência, para não tropeçar e cair no abismo da ignorância.''

1998-03-02 Mbanza Congo - Zaire, Angola
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Alguns Poemas

A Dor da Vida (Terra)

Oh vida, fala comigo!
Qual é o teu verdadeiro sentido?
Muitas vezes fico sem sentido,
Porque descubri que a final não tens sentido.
Ou que a final até tens sentido,
Só não tens sentido o sentido que a humanidade deu a ti,
Daí a dor que tens sentido.

Oh vida, cheia de ironia!
Que por vezes me arrepia e até me agonia,
Devido a dor que é causada pela minoria,
Mas que afeta a maioria.

Venha vida, não fuja! Pois...
Sei que querias tanto ter voz,
Venha que eu posso ser a tua voz,
E dizer ao mundo, o quanto é grande a sua dor.

Oh vida! - Será que eles não percebem que estás descontente?
Que de tanto sofrimento derramas muitas lágrimas de chuvas, que causam destruições e levam vidas inocentes?
Mas é compreensível, pois ninguém se alegra estando num lugar quente.
- Quem não choraria se lhe pusessem num lugar muito, mas muito quente?

Será que não percebem que isto dói em ti?
Que derrubando as árvores e poluindo o ar, eles destroem-te?
É incrível como a ganância e a ambição do homem chegou até este ponto assim!
Destroe tudo que está ao seu redor, simplesmente pensando em si.

Oh vida, muitas vezes fico sem puder te compreender!
Fazendo mil perguntas, sem ninguém para me responder.
Será que dás sempre o poder às pessoas erradas, ou dás às pessoas certas mas que se deixam corromper pelo o poder?

Não fique triste, eu sei que eles não te respeitam!
Não percebem que quando violam a vida, a democracia, com uma arma branca te espetam!
Era suposto respeitar e aceitar as diferenças, mas ninguém respeita!
Todo o mundo julga o outro como se fizessem todas as coisas da maneira certa!

Oh vida, não chora que Deus te entende!
Sei que o que ensinas pouca gente entende;
Olha, mas há quem contigo aprende,
Como o vendedor ambulante que não se abala com a humilhação, cria o seu negócio e vende!

Sei que ficas triste vendo os jovens se perdendo, dizendo que só querem viver;
E as suas desculpas, é que todos nós nascemos para morrer.
Não! - Nós não nascemos para morrer, mas sim para viver!
Porque se assim fosse, não teria sentido viver!
Sabe por que é que viver é sofrer?
- Porque viver é amar e amar é sofrer.

África, Angola - Luanda, 2016.

Eu e os meus anseios...

Exausto, me deito na cama quando chego,
Submerjo no oceano dos pensamentos, enquanto olho para o tecto!
Olho à cadeira vazia, imaginando alguém por perto,
Ou deitada ao meu lado na cama, enquanto apoia sua cabeça em meu peito!

Queria eu voltar do trabalho, sabendo que tem alguém a me esperar
- uma companheira para no final do dia abraçar e acariciar,
As malambas da vida e a correria do dia compartilhar!
Dói saber que isso pode não vir a se realizar!

Há vezes fico imaginando como será daqui há 10 anos,
De qual mulher direi eu “essa é a mulher que eu amo!”?
- Que me instigará a lutar e com ela elaborarei nossos planos?
- Que olharei em seus olhos e direi “Deus, obrigado!”?

Que seja uma idiota!
Isto é, que, quanto as estrelas e sorrisos de crianças, ame contemplar,
Alguém que, quanto a natureza, ame apreciar 
- Andar descalça na praia, sentindo a brisa do mar,
Nas madrugadas tocar piano ou guitarra, louvando a Deus, sem ninguém para filmar!
Anseio! 

Estar na mesa com a família após a refeição,
Olhar para os meus filhos enquanto conversamos, sabendo que lhe está garantida a salvação!
Pensar que valeu a pena a vida vivida, uma mistura de alegria e tristeza no coração;
Pois, quanto mais tempo passar, mais perto se estará da sua dissolução.

Mas contudo, quero essa porção de céu,
Levantar o véu,
No anelar colocar um anel,
E, quanto a lua de mel, ser num espaço aberto para, de mãos dadas, contemplarmos as estrelas no céu. 
Anseio!

África, Angola – Luanda, 2021

A FRIEZA HUMANA  [Reflexão]

“E, por multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.” (Mateus 24:12)
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Como podem parentes de sangue viverem indiferentes uns dos outros? Pergunto-me sempre isso, quando me deparo com situações do gênero! Deixa-me atónito a frieza com que, por exemplo, duas pessoas cujos pais são “irmãos de pai e mãe” se tratam! O que me leva à reflectir profundamente sobre isso!
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Ao que parece, a “selecção natural” não só é verdade, mas também funciona em nível imaterial; pois, o afecto tende a desaparecer com o passar do tempo quando não (ou pouco) usado. Por exemplo, quanto mais você se distancia de alguém e, consequentemente, menos se interage com ele, o afecto que tem por ele tende a diminuir com o passar do tempo. É disso que o filósofo e pedagogo brasileiro Mario Sergio Cortella fala, quando diz;
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“O conhecimento e o afeto são duas que se você guardar, você perde.”
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Penso que isso explica em parte a frieza vigente nas relações humanas e, consequentemente, a efemeridade das mesmas relações. As relações humanas, pelo menos até no princípio do século XX, foram demonstravelmente mais sólidas que as actuais.
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Mui lamentavelmente hoje, por falta de tempo, há pouco convívio e, consequentemente, pouca manifestação de afecto e mui frieza nas relações humanas. Por isso se vê “amores eternos” tendo fim em pouco tempo! 
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Estamos cheios de ambições, cheios de afazeres! Não temos tempo para nada, pelo menos nada que não está directamente ligado com os nossos “objetivos materialistas”.
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O afecto precisa ser usado (ser manifestado na carícia, no abraço, no sorriso, no apoio, idem) para existir, tal como uma chama precisa queimar para existir. 
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Precisamos rever o caminho que estamos trilhando. Eu insisto, apesar de saber que nem mesmo tempo para isso temos (o que é uma das causas da minha pouca esperança quanto a reversibilidade dessa tão triste e desumana situação)! Que Deus nos ajude! 
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~ 𝓚𝓪𝓷𝓲𝓮𝓷𝓰𝓪 𝓛. 𝓢𝓪𝓶𝓾𝓮𝓵 (𝓙𝓸𝓼é) 🌻
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solua_kuryos
Tens uns poemas de arrepiar mano
16/agosto/2020
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10012019
Olá, irmão! Obrigadão, tuliodias!
16/junho/2020
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_tuliodias
Linda homenagem.
15/junho/2020
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_tuliodias
Olá irmão!
15/junho/2020
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10012019
Obrigado, ilustre! Digo o mesmo da sua.
07/junho/2020
Kanienga L. Samuel - José
Obrigado, ilustre!
07/junho/2020
Fernanda
Que poesia linda
07/junho/2020

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