Um cenário escuro de um quarto de motel, suas mobílias seriam tão velhas quanto o próprio ser que alugou aquele lugar, as cortinas estariam fechadas, mas a parte de madeira ainda parte deixando um pouco de luz entrar, cama estaria bem arrumado e somente haveria uma cadeira um pouco velha em meio ao quarto, ela estaria esperando algo como aquele ventilador de teto que teria uma corda, corda tão grossa e vulgar, bem presa ao teto seguindo rumo a metade do tamanho do quarto, um copo meio vazio é visto em cima da mesa, tem forte cheio de uísque e um homem se encontra no banheiro com um rosto medonho.
-Deus o porquê estou fazendo isso? Mesmo sendo ateu ele se perguntou, lavou o rosto que em frente a um espelho é um borrão preto que não mostra nada, então sentiu que deu uma risada, estaria em um estado de loucura.
-Eu estou no inferno! E não será hoje que irei rezar para ti. Debochou de tradições antigas que carrega, matou a esperança que tinha ao dizer isso e seguiu rumo a cadeira, colocou o pé para sentir se era rígida o suficiente, forçou e as pernas dela mostraram força o suficiente, demonstrando algumas fraquezas pela velhice, com isso fez um barulho alto.
-Nossa dor vai acabar. Então subiu nela pegando a corda, amarrando em seu pescoço, cada volta, cada gesto que faria vinha com tantas incertezas sobre a vida, sobre se era ele ou ela, se existe felicidade e se sua dor um dia teria fim, só que as oportunidades que deu ao mundo para achar essas respostas chegaram ao seu limite. O fio grosso apertou o pescoço, ele ainda não precisou aguentar o peso de um corpo, mas só de sentir era desconfortável, só de sentir a pressão... Só que para quem sente aquela dor sabe, sabe que aquilo é seu maior analgésico, então fechou os olhos, esqueceu-se de deus, esqueceu-se de tudo.
-Só hoje vou pensar em mim... Só hoje! Então empurrou a cadeira e pronto como um ponto. Ele fez isso! Colocou um ponto final, mas ele não quis botar um ponto final em sua vida, ele queria acabar a dor que atormenta dor que ninguém nunca ligou.... Ele precisou de um amigo e recebeu um xingamento, reclamou de dor e foi chamado de fresco, dormiu para esquecer o mundo e foi chamado de preguiçoso, não foi do nada, mas eles diziam que ele estava tão bem... MENTIRAS.... Ele poderia estar vivo, se você se importasse mais, se olhasse para o outro como olha para o espelho, se ao menos tivesse escutado um pouco do que ele tinha a dizer... Só que é tarde... Felizmente não é tarde para os outros, não é tarde para tentar pedir ajuda para novas pessoas, pois saiba que por um ponto final no lugar errado, muda todo o texto, então que tal tentarmos fazer um novo texto? Um aonde o ponto final seja nessa dor, para que você finalmente encontre algo que não seja um ponto, mas uma vírgula para continuar sua história?
By: Danilu Docasar