Marina Tsvetaeva

Marina Tsvetaeva

Marina Ivánovna Tsvetáyeva, foi uma poetisa e tradutora russa.

1892-10-08 Moscovo, Rússia
1941-08-31 Ielabuga, Rússia
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Prémios e Movimentos

Simbolismo

Alguns Poemas

Ensaio de ciúme

Como vai indo com a outra?
Tão fácil, não? — basta um impulso
no remo — com a orla, a minha
imagem se borra, se afasta,

vira ilha flutuante (no céu,
— na água, não!). Alma e alma,
irmãs, sim — mas, amantes, não!
Uma é destino; outra — sem fim!

Que tal viver com tal pessoa
comum — vida sem divindades?
Jogou do trono-olimpo a deusa-
rainha, abdicou — e a coroa

de sua vida, como fica?
Ao despertar, como pagar
o preço de imortal banal-
idade — como? Menos rica?

"Chega de susto e suspeita!
Quero um lar!". Mas... e a vida
só — com uma mulher qualquer —
Você — eleito de uma eleita?

Ah... E a comida? Apetitosa?
Você se queixa quando enjoa?
Depois do topo do Sinai,
Ir conviver com uma à-toa

da parte baixa da cidade,
uma coitada? Gostou da anca?
O açoite-vergonha de Zeus
ainda não vincou-lhe a estampa?

Entre viver e ser, dá para
contar? E como encara
o caro amigo a cicatriz
da consciência-meretriz?

Viver como boneca de gesso
—de feira!? Você me acha cara?
depois de um busto de Carrara,
um susto de papier-mâché?

(O deus que escavei de um bloco
só me deixou os ocos). Enleva
viver com uma igual a mil,
quem já teve a Lilit primeva?

Não lhe matou a fome a boa
bisca, que atendeu aos pedidos?
Como viver com a simplória
que só possui cinco sentidos?

Enfim, por fim...: você é feliz,
no sem-fundo dessa mulher?
Pior, melhor, igual a mim,
nos braços de um outro qualquer?

(tradução de Décio Pignatari)

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Nota: agradecemos a Márcio Renato Pinheiro da Silva por disponibilizar estas duas traduções.

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Tentativa de ciúme

Como vai você com a outra?
Fácil, não é? — Um golpe de remo! —
E de pronto a linha da costa
Se foi e você já nem se lembra
De mim, ilha flutuante
(No céu, por certo, não no mar)!
Almas! Almas! — antes amar
Como irmãs, não como amantes!
Como vai você com a mulher
Comum? Sem nada de divino?
Sem soberana, sem sequer
Um trono (você foi o assassino),
Como vai, meu bem? Tudo a gosto?
E o dia-a-dia — sempre igual?
Como você se arranja com o imposto
Da banalidade imortal?
"Mil sobressaltos, incertezas —
Basta! Vou arrumar um teto!"
Como vai, com quem quer que seja —
O eleito pelo meu afeto?
A comida é melhor, mais familiar?
Diga a verdade. Como vai
Você com a imitação vulgar —
Você, que subiu ao Sinai?
Como é viver com uma estranha?
Você a ama? Não disfarce.
O chicote de Zeus da vergonha
Nenhuma vez lhe zurze a face?
E a saúde, vai bem? Que tal
A vida — uma canção? A ferida
Da consciência imortal
Como a suporta, meu querido?
Como vai você com o adereço
De feira? A taxa é muito cara?
Como é aspirar o pó do gesso
Depois do mármor de Carrara?
(Deus talhado em barro, termina
Em pedaços!) Como é o convívio
Com a milionésima da fila
Pra quem já conheceu Lilit?
As novidades de feira
Se acabaram? Farto de portentos,
Como é a vida corriqueira
Com a mulher terrena, sem sexto
Sentido? Vamos, tudo cor
De rosa? Ou não? Aí, nesse oco
Sem fundo, amor, como vai? Pior
Ou igual a mim com outro?
(tradução de Augusto de Campos)
Marina Tsvetáieva foi uma poeta russa, nascida em Moscou em 1892, no então Império. Suas associações mais próximas na poesia de seu país no início do século foram os colegas Óssip Mandelshtam (1891 - 1938), Anna Akhmátova (1889 - 1966) e Boris Pasternak (1890 - 1960), poetas que a geração seguiu desperdiçando tempos depois da elegia de Roman Jakobson a Vladimir Maiakóvski. Os detalhes gerais e terríveis de sua vida são conhecidos: com a Revolução Russa, exila-se com a família em Berlim, Praga e mais tarde em Paris. Em Praga, seu caso amoroso (e separação) com Konstantin Rodzevitch geraria dois de seus longos poemas mais conhecidos, o "Poema da Montanha" e o "Poema do Fim". Na capital francesa, seu marido, o poeta Sergei Efron (1893 - 1941), é acusado de participar do assassinato de Ignaty Reyss e a família é forçada a retornar à União Soviética, onde Efron acaba fuzilado e sua filha presa. Em meio à Segunda Guerra, enquanto a maior parte dos escritores é evacuada para Chistopol, Tsvetáieva e seu filho são evacuados para Yelabuga, onde não tem como se manter financeiramente. Após ter seu pedido de emprego na cantina do Fundo Literário Soviético em Chistopol recusado (o poeta Valentin Parnakh seria aceito como porteiro), Tsvetáieva retorna a Yelabuga, onde se enforca.
 
Se poetas como Blok, Khlebnikov e especificamente Maiakóvski encontrariam sua elegia na monografia de Jakobson, A Geração que Desperdiçou seus Poetas (1930), o trabalho de Mandelshtam e Akhmátova teriam sua defesa nos dois volumes de memórias de Nadezhda Mandelshtam (1899 - 1980), a viúva do poeta nascido em Varsóvia e morto na Sibéria.
 
Mas o trabalho de Tsvetáieva seria mais tarde championed por poetas mais jovens, como Joseph Brodsky (1940 - 1996), que escreveu pelo menos dois ensaios brilhantes sobre seu trabalho, "O poeta e a prosa", tratando dos textos em prosa da autora, e ainda o longo "Nota-de-rodapé a um poema", sobre o poema "Novogodnee", ou "Saudações de Ano Novo", escrito por Tsvetáieva em 1927, em Bellevue, nos arredores de Paris.
 
 Sua poesia lírica conjuga violência sígnica e expressiva como poucas outras, que mesmo pelos túneis da tradução nos atinge.
 
 --- Ricardo Domeneck
 
 
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