A Morte de Nel
Virgem santa ignorância
onde só viram o ABC,
De doença estoporada
Muitos lá vivem a morrer.
Foi mais um fato concreto
Pois muitos viram de perto
o que aqui vou descrever.
Lá pras bandas onde nasci
Morava um NEL bom de cana,
Uma mulher e três filhos
Em uma pobre choupana.
Se houvesse todo dia
Aguardente ele bebia
Como achava isso bacana.
Um dia uma simples febre
Causando-lhe alguma dor,
Falaram logo é mulesta
Com o ramo de estopor,
Se escapar fica imperfeito
Aí só pode dar jeito
Se for um bom benzedor.
Vá chamar seu Filomeno
Pra benzer não tem melhor,
Tem também João Cachoeira
Que curou a minha vó,
Corre depressa menino
Se não achar trás Orcino
Que o homem já está pior.
Um dos mateiro confirma
Isso é mulesta do ar,
Só cristé de pino roxo
Bota água pra mornar
Enquanto o remédio apronta
Azeite e dez pílula contra
Dão logo pra ele tomar.
Depois de tudo tomado
Ele foi se esmorecendo,
Todo comê vinha fora
E a barriga crescendo,
Deram outra misturada
Não demorou a zoada
Meu Deus, o NEL tá morrendo!
E assim muitos perecem
Enganados pela crença,
Sob o mal sem lenitivo
Onde a cura é uma sentença.
De purgante e de cristé
Intoxicaram mané
Sem acertar com a doença.