Inácio José de Alvarenga Peixoto

Inácio José de Alvarenga Peixoto

Inácio José de Alvarenga Peixoto, foi um advogado e poeta brasileiro. Foi detido e julgado por participar da Inconfidência Mineira, tendo sido condenado ao degredo perpétuo na África.

Rio de Janeiro
1792-08-27 Ambaca, Angola
102889
2
70


Alguns Poemas

Canto Genetlíaco

Bárbaros filhos destas brenhas duras,
nunca mais recordeis os males vossos;
revolvam-se no horror das sepulturas
dos primeiros avós os frios ossos:
que os heróis das mais altas cataduras
principiam a ser patrícios nossos;
e o vosso sangue, que esta terra ensopa,
já produz frutos do melhor da Europa.

Bem que venha a semente à terra estranha,
quando produz, com igual força gera;
nem do forte leão, fora de Espanha,
a fereza nos filhos degenera;
o que o estio numas terras ganha,
em outras vence a fresca primavera;
e a raça dos heróis da mesma sorte
produz no sul o que produz no norte.

(...)

Isto, que Europa barbaria chama,
do seio das delícias, tão diverso,
quão diferente é para quem ama
os ternos laços de seu pátrio berço!
O pastor loiro, que o meu peito inflama,
dará novos alentos ao meu verso,
para mostrar do nosso herói na boca
como em grandezas tanto horror se troca.

"Aquelas serras na aparência feias,
— dirá José — oh quanto são formosas!
Elas conservam nas ocultas veias
a força das potências majestosas;
têm as ricas entranhas todas cheias
de prata, oiro e pedras preciosas;
aquelas brutas e escalvadas serras
fazem as pazes, dão calor às guerras.

"Aqueles matos negros e fechados,
que ocupam quase a região dos ares,
são os que, em edifícios respeitados,
repartem raios pelos crespos mares.
Os coríntios palácios levantados,
dóricos templos, jônicos altares,
são obras feitas desses lenhos duros,
filhos desses sertões feios e escuros.

"A c'roa de oiro, que na testa brilha,
e o cetro, que empunha na mão justa
do augusto José a heróica filha,
nossa rainha soberana augusta;
e Lisboa, da Europa maravilha,
cuja riqueza todo o mundo assusta,
estas terras a fazem respeitada,
bárbara terra, mas abençoada.

"Estes homens de vários acidentes,
pardos e pretos, tintos e tostados,
são os escravos duros e valentes,
aos penosos trabalhos costumados:
Eles mudam aos rios as correntes,
rasgam as serras, tendo sempre armados
da pesada alavanca e duro malho
os fortes braços feitos ao trabalho.

(...)


Publicado no livro ALMANAK das Musas: nova coleção de poesias oferecida ao gênio português (1793).

In: LAPA, M. Rodrigues. Vida e obra de Alvarenga Peixoto. Rio de Janeiro: INL, 1960

Sonho Poético

Oh, que sonho, oh, que sonho eu tive nesta
feliz, ditosa, sossegada sesta!
Eu vi o Pão d'Açúcar levantar-se,
e no meio das ondas transformar-se
na figura do Índio mais gentil,
representando só todo o Brasil.
Pendente a tiracol de branco arminho,
côncavo dente de animal marinho
as preciosas armas lhe guardava:
era tesouro e juntamente aljava.
De pontas de diamante eram as setas,
as hásteas de ouro, mas as penas pretas;
que o Índio valeroso, ativo e forte,
não manda seta em que não mande a morte.
Zona de penas de vistosas cores,
guarnecida de bárbaros lavores,
de folhetas e pérolas pendentes,
finos cristais, topázios transparentes,
em recamadas peles de saíras,
rubins, e diamantes e safiras,
em campo de esmeralda escurecia
a linda estrela que nos traz o dia.
No cocar... oh! que assombro, oh! que riqueza!
Vi tudo quanto pode a natureza:
no peito, em grandes letras de diamante,
o nome da Augustíssima Imperante.
De inteiriço coral novo instrumento
as mãos lhe ocupa, enquanto ao doce acento
das saudosas palhetas, que afinava,
Píndaro Americano assim cantava:
"Sou vassalo, sou leal;
como tal,
fiel constante,
sirvo à glória da imperante,
sirvo à grandeza real.
Aos Elísios descerei,
fiel sempre a Portugal,
ao famoso vice-rei,
ao ilustre general,
às bandeiras que jurei.
Insultando o fado e a sorte
e a fortuna desigual,
a quem morrer sabe, a morte
nem é morte nem é mal."


In: LAPA, M. Rodrigues. Vida e obra de Alvarenga Peixoto. Rio de Janeiro: INL, 1960.
Poeta brasileiro, Inácio José de Alvarenga Peixoto, nascido em 1744, no Rio de Janeiro, morreu a 27 de agosto de 1792, em Ambaca, em Angola, e figura entre os nomes grandes do arcadismo no brasileiro.

Inácio José de Alvarenga fez grande parte da sua vida em Portugal, onde estudou com os jesuítas antes de, em 1760, ir para a Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Leis, em 1767. No ano seguinte, começou a utilizar no seu nome literário o sobrenome Peixoto. A partir de 1769 passou a publicar poesia, embora em vida não tenha editado nenhum livro. 

Em Portugal, conviveu com poetas como Basílio da Gama, Caldas Barbosa e Tomás António Gonzaga. 
Foi juiz em Sintra antes de regressar ao Brasil em 1775, onde exerceu o cargo de ouvidor da Comarca de Rio das Mortes, assim como se dedicou à agricultura e à mineração. Dez anos mais tarde, foi nomeado coronel do 1º Regimento de Cavalaria da Campanha do Rio Verde. Entretanto, em 1781, havia casado com a poetisa Bárbara Heliodora (1759-1819),  a quem dedicou muitos dos seus versos.

Em 1789, juntamente com o seu parente Tomás António Gonzaga, participou no movimento nacionalista Inconfidência Mineira, em protesto contra os pesados impostos que o reino obrigava a pagar. Em consequência disso, foi preso na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, e condenado à morte. No entanto, três anos mais tarde, acabou por partir para o exílio em Angola, onde morreu pouco depois de chegar, em 1792.

As suas composições poéticas foram reunidas por Joaquim Norberto, em 1865, no livro Obras Poéticas e reproduzidas praticamente um século depois, em 1964, na antologia Poesia de Ouro, um trabalho coordenado por Péricles Eugénio da Silva Ramos. Entretanto, em 1960 havia sido publicada Vida e Obra de Alvarenga Peixoto, a mais completa coleção de cartas e documentos do autor, numa organização de M. Rodrigues Lapa.

Alvarenga Peixoto, que também assinou com os pseudónimos Alceu e Eureste Fenício, enquanto elemento da Arcádia Mineira, terá ainda escrito uma obra chamada Eneias no Lácio, um drama lírico que entretanto desapareceu.
BÁRBARA BELA - INÁCIO JOSÉ DE ALVARENGA PEIXOTO
Bárbara Bela (JP, Letra de Inácio de Alvarenga Peixoto, poeta inconfidente...)
Bárbara Bela (Poema de Inácio José de Alvarenga Peixoto)
Poema Bárbara Bela de Inácio José de Alvarenga Peixoto
Bárbara Bela | Poema de Alvarenga Peixoto com narração de Mundo Dos Poemas
VOCÊ SABE QUEM FOI INÁCIO DE ALVARENGA PEIXOTO EM OURO PRETO MINAS GERAIS?
Eu Vi A Linda Jônia | Poema de Alvarenga Peixoto com narração de Mundo Dos Poemas
Casa | Bairro Inconfidentes | Rua Inácio José de Alvarenga Peixoto 72
Redivivo | Ignácio José de Alvarenga Peixoto
Inácio José de Alvarenga Peixoto, Redivivo - Parnaso de Além Túmulo
Alvarenga Peixoto
Alvarenga Peixoto ✦ Dois poemas
Alvarenga Peixoto
Bárbara Bela, Alvarenga Peixoto
Los Alvarengas
Declamação de O PÃO DE ASSÚCAR de Alvarenga Peixoto (1742-1792)
A Maria Efigênia (Poema), de Alvarenga Peixoto
ALVARENGA PEIXOTO/POESIA SETECENTISTA- Lançamento de "Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto" (2021)
Transmissão ao vivo flagra homem sendo esfaqueado
Arcadismo - Bárbara Bela
😱A INCRÍVEL TRANSFORMAÇÃO DE RAFAELLA JUSTUS - Canal dos Curiosos
ALVARENGA PEIXOTO o poeta inconfidente...
Alvarenga Peixoto - Estela e Nize
Toledo continua passeando pela fazenda de Alvarenga Peixoto
À Maria Ifigênia | Poema de Bárbara Heliodora com narração de Mundo Dos Poemas
Bárbara Bela, de Alvarenga Peixoto (narrado por Emily Paiva)
Esse é o Lugar MAIS PERIGOSO DO MUNDO
5 ABSURDOS FEITOS PELO FILHO DE NEYMAR com 10 anos
21de Abril : Alvarenga Peixoto Poeta na Inconfidência Mineira
Inacio jose e mais 1 novo
LEMBRA DO MARCIUS MELHEM? APÓS POLÊMICA ASSIM VIVE
A FILHA POBRE DE LEONARDO QUE REJETOU SUA FORTUNA PARA VIVER VIDA SIMPLES
Arcadismo (Alvarenga Peixoto)
BÁRBARA HELIODORA | #MulherDeFibra
Mercedes Benz ano 2013 4x2 bau de 8.40 metros
Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora
Bárbara Bela
Bárbara Bela.
Navistar Internacional 9800i 6x4 repasse
Bárbara bela, Alvarenga Peixoto
Alvarenga Peixoto - Amada filha, é já chegado o dia...
Silva Alvarenga ✦ Madrigais
Tiradentes, a Inconfidência Mineira e as Mulheres
Volvo Fh 460 6x2 trucado ano 2004
À D. Bárbara Heliodora (Poema), de Alvarenga Peixoto
7 ATORES FAMOSOS QUE PERDERAM TUDO E FICARAM POBRES
Vídeo aula sobre Conjuração Mineira 💕(professora: Jaceline)
Bárbara Bela
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA E OS INCONFIDENTES
Literatura - militar
Cris lorrane
Muito bom?
31/outubro/2018
desconhecido
de quem e essa obra ?
27/julho/2018

Quem Gosta

Seguidores