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Horst Bienek foi um poeta e romancista alemão, nascido em 1930 na cidade de Gleiwitz, na região da Silésia, quando esta ainda pertencia à Alemanha. Com o fim da Segunda Guerra, grande parte da região é incorporada à Polônia, a língua alemã é proibida e a maioria dos alemães é expulsa. Horst Bienek tinha 16 anos quando a família fixa residência na Alemanha Oriental. Em 1951, Bienek conhece o poeta e dramaturgo Bertolt Brecht e é convidado a lecionar no teatro Berliner Ensemble, mas, neste mesmo ano, é preso pelaStasi (a Polícia Secreta da Alemanha Oriental) sob acusação de agitação anti-soviética e é condenado a 25 anos de prisão. O poeta tinha 21 anos. É deportado para o campo de trabalhos forçados de Vorkuta, em uma região da Rússia que fica ao norte do Polo Norte, parte do que Alexander Soljenítsin viria a chamar de "Arquipélago Gulag". Quatro anos depois recebe anistia e emigra para a Alemanha Ocidental, onde passa a trabalhar como jornalista para a rádio estatal do estado alemão de Hesse, coeditor do jornalblätter + bilder, e aindalector da editoraDeutsche Taschenbuch Verlag (Editora Alemã de Livros de Bolso) e diretor do setor literário da Academia Bávara de Belas Artes em Munique. Horst Bienek morreu em decorrência da AIDS em 1990, na capital bávara.
Sua estreia literária em livro foi comTraumbuch eines Gefangenen (1957), algo como "diário de sonhos de um prisioneiro", ao qual se seguiram peças de teatro, roteiros cinematográficos, crítica, poemas e romances. Em 1970, escreveu e dirigiu o filmeDie Zelle.
O poema apresentado e traduzido abaixo chama-se "Die Zeit danach", algo comoa época seguinte, na mesma construção sintática que usaríamos para o filme de catástrofe nuclear "O Dia Seguinte". O cenário apresentado pelo poema é justamente o de uma catástrofe histórica, escrito por este poeta que sobreviveu à brutalidade da Segunda Guerra e às brutalidades do pós-guerra, nos campos de concentração do Gulag.
Horst Bienek foi contemporâneo de poetas e intelectuais germânicos como Hans Magnus Enzensberger, Heiner Müller, Thomas Bernhard e Ingeborg Bachmann que, tanto na Alemanha como na Áustria, herdaram de seus pais países em ruínas (a Alemanha estava arrasada) e moralmente em frangalhos. Acusar e ao mesmo tempo buscar redenção onde a maioria não a merecia representaram dilemas est-É-ticos gigantescos para esta geração de poetas. Bienek parece-me tê-los enfrentado com brilho, inteligência e delicadeza.
--- Ricardo Domeneck