ComPassos
Como compassos
Abrem-se em passos maiores
Apressadas, inquietas,
Sóbrias, nuas, indiscretas,
Lânguidas, em lentos passos,
Por avenidas, esquinas, corredores,
As duas pernas da mulher.
Secreto o centro que as une
E as afasta
Mantendo aceso o lume
Desse calor que as não gasta.
Deixam rastos, desenhos, arabescos
Pelas calçadas, ruas e passeios,
Se nos prometem na cor dos lábios frescos
A sombra nua da rosa dos seus seios.
Como se cruzam e se abrem em desafio,
Como convidam, sem silencio, se ela quer
A esse galope, às vezes terno, às vezes frio
À rédea solta rumo ao centro da mulher.
Marcam , a andar, o ritmo do Universo,
Do coração conhecem a rotina.
Por uma flor, às vezes por um verso
Da pura e casta desperta a libertina.
Compasso vivo, metrónomo complexo
Que marca o tempo e o andamento do prazer,
Chama-se amor ou profissão ou apenas sexo,
Seja ela amante, prostituta ou só mulher.