Alguns Poemas
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Poeta. Um dos mais assíduos colaboradores da primeira série da Presença, título de sua autoria, abandona-a em 1930, subscrevendo com Branquinho da Fonseca e Adolfo Rocha a carta que abre a primeira cisão no movimento e na revista. Estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, aí ficando conhecido como cantor de baladas e canções populares, e, em Lisboa, foi um vago funcionário público e, mais tarde, delegado de propaganda médica. Nunca se ajeitou a qualquer profissão, e só devido ao apoio familiar não veio a sofrer sérias privações no final da vida. A poesia de Edmundo de Bettencourt inscreve-se nos propósitos de renovação literária da geração a que pertence, através da sugestão onírica condensada em versos curtos e fluentes, num ritmo marcado pelo predomínio do gerundivo como tempo verbal preferido e pelo versilibrismo como uma forma de experimentalismo formal: no que é deliberadamente um modernista, prenunciando mesmo já rasgos do surrealismo. Sem, contudo, deixar de denunciar reminiscências decadentistas, já que, como nota João Gaspar Simões (cf. História da Poesia Portuguesa, vol. III, pp. 607-608), «o mais velho dos componentes do grupo fundador da revista parece ser, também, entre os seus poetas da primeira hora, o que mais dificilmente se adaptou à mentalidade propriamente modernista [...]. Pela sensibilidade, era o autor de O Momento e a Legenda, de algum modo ainda nefelibata». Mas até por essa livre mas lúcida ambiguidade entre a convenção e a subversão E. de B. se identiflca com o movimento da Presença: ela estava de algum modo contida nos seus pressupostos e nas suas contradições. Poemas como «Mar alto», «Inquietação» e «Fado dos olhos claros» integram o repertório de Zeca Afonso. Edmundo de Bettencourt, de quem os amigos recordam a lhaneza aristocrática, é, ainda, o autor de, entre outras músicas, Saudades de Coimbra.