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Charlotte Delbo nasceu em uma pequena vila nos arredores de Paris, chamada Vigneux-sur-Seine, em 1913. Na década de 30 passa a trabalhar com teatro. Em 1940, quando as tropas nazistas invadem a França, a poeta estava em Buenos Aires com a companhia do ator e diretor Louis Jouvet (1887 - 1951). Ilhada na capital argentina, a poeta passa a ouvir as notícias sobre amigos sendo executados pelos nazistas e pelo Governo de Vichy e resolve retornar à França, onde seu marido, George Dudach, já trabalhava com a Resistência sob o comando do poeta Louis Aragon (1897 – 1982). O casal passa a editar o jornal subterrâneoLettres Françaises, juntamente com o filósofo Georges Politzer, que fora professor de Patrícia Galvão, a Pagu, durante uma de suas passagens por Paris.
A 2 de março de 1942, o grupo é descoberto e Politzer, sua esposa Marie, Delbo e seu marido são presos. Georges Politzer e George Dudach seriam fuzilados a 23 de maio, e Charlotte Delbo e Marie Politzer passariam meses em campos de prisioneiros na França antes de serem transportadas para Auschwitz a 23 de janeiro de 1943, com outras 227 mulheres presas por atividades contra os nazistas. Marie Politzer morre dois meses após chegar a Auschwitz. Delbo estaria entre as 43 que sobreviveram, após passar pelos campos de Auschwitz, Birkenau, Raisko e Ravensbrück antes deste ser liberado pela Cruz Vermelha em 1945.
Ao voltar para Paris, começa a trabalhar em sua trilogiaAuschwitz et après, mas só começa a publicá-la vinte anos mais tarde:Aucun de nous ne reviendra em 1965;Une connaissance inutile em 1970; eMesure de nos jours em 1971. Ela escreveria ainda a peçaQui Rapportera Ces Paroles?, sobre seu tempo em Birnenau.
Sua obra apenas nos últimos anos começou a alcançar uma divulgação mais ampla. Sobrevivente dos campos de concentração onde foi encerrada como prisioneira política (Delbo não era de origem judia), seu trabalho foi publicado duas décadas depois dos acontecimentos, ao contrário do trabalho mais famoso sobre as experiências do Holocausto. Seu trabalho é ainda bastante híbrido como gênero literário: nem claramente poesia, como o de Paul Celan e o de Dan Pagis, nem claramente narrativa, como os trabalhos de Primo Levi e Elie Wiesel, Delbo transita entre o relato e a lírica. Seu trabalho já foi comparado ao do polonês Tadeusz Borowski (1922 – 1951). Seu princípio, segundo ela, era o de "Essayez de regarder. Essayez pour voir".
--- Ricardo Domeneck
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02/julho/2019