Tiradentes
O perfume da dama da noite apouca
séculos de vielas íngremes
tempo cansado de ver subir descer
ruas de pedra vermelha roliça
a entremear-se com outra em lâmina.
O perfume da dama da noite destouca
Lembranças da inconfidência insubmissa
enquanto a igreja no alto de portões cerrados
parece não acreditar por não se ofender
pecados de hoje já por tantos sussurrados.
O perfume da dama da noite touca
a brisa que volteia jardins e casas
candeeiros solitários de chama mortiça
amigos à volta da mesa grande a comer
jantar entre vinho e risos preparado.
O perfume da dama da noite treslouca
quem a vida dos outros cobiça
não aceita pelo amor viver sobre brasas
com os encantos namorados sente desprazer
gemidos a ecoarem no coração angustiado.