Armindo Trevisan

Armindo Trevisan é um teólogo, poeta, crítico de arte e ensaísta brasileiro, tendo obras traduzidas em várias línguas, especialmente alemão, italiano, espanhol e inglês.

Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil
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Alguns Poemas

Uma Doença Chamada Homem

Se dividirmos o corpo, se na unidade
as coisas se arranjarem, à revelia de outros corpos,
se de nós a inteligência partir para fora
e de fora vier até nós; se algo assim
com Kipling não nos obrigar à capitulação
e isto for complicado porque em política

repressão nada significa e as palavras constituem
o que elas constituiriam se pensar fosse comer;
se nem na comida conseguimos unanimidade
mas antes uma laranja é fruto
de divisão; se pensamos que ser é ser indivíduo,
trabalhar com os outros, fornicar com os outros;
se a colisão de bocas na treva
não nos atar as línguas; se
por acaso a vida fosse um abuso

de força a esta atavicamente jorrasse
do bico de um pássaro, do furo de uma baleia;
se cada um de nós de repente se dispusesse
a inverter a evolução, a recomeçar outro movimento.

Que aconteceria? Seríamos
inúteis durante algum tempo. Não saberíamos
manipular um motor, estender uma roupa,
ou juntar as mãos. Seríamos

inúteis. Mas dessa inutilidade
não brotaria mais sentido? Que
aconteceria? Alinhar-nos-íamos entre
os gansos? Que
se passaria com a consciência? Oh! o esforço
de se beijar um mamilo, de
se dizer absolutamente porque somos.
Um esforço do qual
cada pessoa emergeria jovem,
um gesto feito quando chega a notícia.
Seríamos inúteis. Inúteis sem remorso.
Extraviados na liberdade de ignorar

a própria morte. Em vez disso sabemos como as coisas
caminham, temos noções exatas acerca de um
fusível, pagamos nossas dívidas,
e saboreamos a sensação

de morrermos muito antes do tempo.

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In: TREVISAN, Armindo. O abajur de Píndaro. A fabricação do real. Il. Almada Negreiros. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1975. (Sélesis, 4). Poema integrante da série O Abajur de Píndaro
Armindo Trevisan (Santa Maria RS, 1933) formou-se em Teologia no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria RS, em 1958. Em 1963 tornou-se doutor em Filosofia em Friburgo (Suíça). Seu primeiro livro de poesia, A Surpresa do Ser, foi publicado em 1967. Em 1970 solicitou a dispensa dos votos religiosos. Na década de 1970 fez estudos de Literatura, Arte e Filosofia como bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (Portugal). Colaborou em vários periódicos, entre os quais O Estado de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil, entre 1967 e 1982. Em 1975 participou na antologia Brasilianische Poesie des 20, organizado por Curt Meyer-Clason, em Munique (Alemanha). De 1978 a 2000 publicou vários livros de ensaios, entre os quais Escultores Contemporâneos do Rio Grande do Sul e Como Apreciar a Arte. Em 1986 tornou-se professor de pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua obra poética inclui A Imploração do Nada (1971), Corpo a Corpo (1973), O Rumor do Sangue (1979), O Moinho de Deus (1985) e A Dança do Fogo (1995). Segundo a crítica Regina Zilberman, Armindo Trevisan "orienta seus versos para uma temática menos individualista e mais filosófica, adere à estética moderna, mas não chega a aderir à vanguarda concretista que marcou por algum tempo a produção literária de autores do centro e do norte do país.".
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