António Mota
António Mota OIP é um escritor português, reconhecido autor de literatura para crianças e jovens. Em 2019 escreveu o livro para adultos "No meio do nada".
Vilarelho/Baião
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António Mota é professor do ensino básico e é actualmente um dos mais produtivos autores portugueses de literatura infanto-juvenil ou, mais particularmente, juvenil, uma vez que os seus títulos mais conhecidos se destinam essencialmente a um público com mais de 12 anos.O universo dos livros de António Mota pode situar-se numa zona de antítese sócio-geográfica dos livros de uma outra autora portuguesa de obras para a juventude, Alice Vieira. De facto, se Alice Vieira é a narradora por excelência da adolescência burguesa e citadina, com os seus problemas territoriais, afectivos e comunicacionais, António Mota constrói na sua obra uma espécie de contraponto a esse mundo citadino, ao descrever as vivências, as crises de crescimento e as lutas pela mudança de vida de uma infância e adolescência rurais, situadas num mundo em vias de extinção mas ainda existente um pouco por todo o território português: o mundo das pequenas aldeias onde o tempo corre segundo o ciclo das estações e o ritmo das histórias contadas pelos mais velhos e a ligação à terra e aos ofícios tradicionais impõe um estilo de vida muito próprio.Nascido precisamente numa dessas pequenas aldeias da região do Douro, o autor transpõe para os seus livros memórias da sua própria infância, construindo no entanto histórias com problemas muito actuais. Temas como o do enfrentar da velhice e dos lares de terceira idade (A casa das bengalas) ou das opções profissionais e de futuro (Cortei as tranças), demonstram que, para além das diferentes condições de vida, muitas das questões e perplexidades que se põe aos jovens são basicamente as mesmas, no campo ou na cidade.António Mota nasceu em 1957, em Vilarelho, Ovil, no concelho de Baião, no distrito do Porto, onde continua a viver. Professor do Ensino Básico aposentado, publicou manuais escolares e é, com frequência, convidado a visitar Escolas Básicas, Secundárias e Bibliotecas Públicas em diversas localidades do país. Solicitado, também, a intervir em acções realizadas pelas Escolas Superiores de Educação, em todas elas partilha com os seus interlocutores experiências e memórias.Autor com muitas dezenas de títulos, regularmente publicados, após a sua estreia literária (A Aldeia das Flores, 1979), foi galardoado, em 1983, com um prémio da Associação Portuguesa de Escritores (O rapaz de Louredo); em 1990, recebeu o Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças (Pedro Alecrim) e, em 1996, ganhou o Prémio António Botto. Em 2011, Pinguim foi uma das três obras nomeadas para o Prémio de melhor livro de Literatura Infantil de 2010, no âmbito dos Prémios SPA/RTP (Sociedade Portuguesa de Autores / Rádio Televisão Portuguesa).Repartindo-se os textos do Autor, na generalidade, entre o conto (Abada de histórias, 1989; O Lobisomem, 1994) e a novela (Os Sonhadores, 1991; A Terra do Anjo Azul, 1994; Os Heróis do 6.ºF, 1996), não enjeita, porém, aventurar-se pelos caminhos do reconto (David e Golias, 1995) e da poesia (Sal, sapo, sardinha, 1996).Com o coração e os olhos bem abertos para o mundo que o rodeia (em especial, um certo mundo rural duriense em processo de desertificação), tem a capacidade de transmitir aos leitores, de forma pitoresca e escorreita, experiências e sentimentos resultantes de verdadeiros actos de amor pelos seres que com ele coabitam (A Aldeia das Flores, 1989; O grilo verde, 1984; O rebanho perdeu as Asas, 1987; Jaleco, 1991). Incapaz de se distanciar das personagens, entra-lhes na pele, veste-as, sente-se, ele, também, quase interveniente, mesmo quando o seu discurso se processa na terceira pessoa. É essa aproximação afectiva de personagens-crianças, em vias de se tornarem adolescentes, e o conhecimento das suas preocupações e anseios (Cortei as tranças, 1990; Pedro Alecrim, 1988; O rapaz de Louredo, 1992) que conferem comunicabilidade à escrita de António Mota e lhe têm granjeado considerável número de leitores entre os jovens, que não resistem a esse convite para penetrar, pela mão de um entendido, no mundo exterior, desconhecido e agressivo, da cidade e do campo, ou, para com ele, partilharem alegrias, angústias e sonhos.Bibliografia selectiva: A Aldeia das Flores (1979), Porto: ASA; As andanças do Senhor Fortes (1980), Porto: Afrontamento; O grilo verde (1984), Lisboa: Horizonte; O rapaz de Louredo (1985), Porto: Areal; O rebanho perdeu as Asas (1987), Porto: Edinter; Pardinhas (1988), Lisboa: Caminho; Pedro Alecrim (1988), Porto: Edinter; Cortei as tranças (1990), Porto: Edinter; Os sonhadores (1991), Porto: Edinter; O rapaz de Louredo (1992), Porto: Areal; O Lobisomem (1994), Lisboa: Caminho; A Casa das Bengalas (1995), Porto, Edinter; David e Golias (1995), Porto: Civilização; Sal, sapo, sardinha (1996), Lisboa: Caminho; Filhos de Montepó (2003), Vila Nova de Gaia: Gailivro; A viagem do Espanholito (2006), Vila Nova de Gaia: Gailivro; Pinguim (2010), Vila Nova de Gaia: Gailivro.[Leonor Riscado]